Apresentado como uma releitura moderna de clássicos góticos, O Fabricante de Lágrimas veio com uma experiência que poderia ser melhor. Aliás, parece mirar em um público jovem fã de tramas fantasiosas e romances arrebatadores. No entanto, o filme tropeça em clichês e execuções superficiais. Por isso, vamos falar de O Fabricante de Lágrimas:
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Um romance superfícial e que ganha mais tempo de tela:
Talvez o livro, com suas mais de 500 páginas da HarperCollins, possa ter conseguido desenvolver melhor a história. No entanto, esta adaptação de menos de duas horas de duração para a Netflix mal consegue arranhar sua superfície. Pois, foca muito nos sentimentos conflituosos e na tensão sexual dos personagens, deixa de explicar pormenores que teriam feito total diferença na imersão do espectador na obra.
Afinal, os assuntos como abusos infantis, adoção, traumas e os enredos do elenco teriam feito o filme se sobressair dos clichês adolescentes. Porém, acabam perdendo a chance. O romance entre Nica e Rigel, apesar do apelo “proibido” por conta do passado compartilhado no orfanato, carece de química e desenvolvimento. O enredo recorre constantemente a flashbacks para explicar o trauma dos protagonistas, mas o excesso de voz off e exposição acaba tornando a experiência cansativa.
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Mas, tem seus pontos positivos…
Por outro lado, a atuação do elenco tem suas vantagens, como enigmático Rigel, estrelado pelo ator e rapper italiano Biondo, e a doce Nica, interpretada por Caterina Ferioli. Entre os secundários, Nicky Passarella e Eco Andriolo se destacam como as novas amigas de Nica, personagens carismáticas que, mesmo com pouco momento de cena, chamam a atenção dos espectadores. Mas que também foram subdesenvolvidas em meio ao excesso de dramas e escolha de foco do filme.
Alguns acertos pontuais, como a trilha sonora folk-pop, a bela estética e a estrutura narrativa não-linear, se perdem em meio a um mar de subtramas desnecessárias e falta de conflito. O filme tenta, sem sucesso, construir tensão com clichês como olhares penetrantes e “apelidos fofos”.
Vale a pena ver O Fabricante de Lágrimas?
Apesar da premissa interessante e do apelo visual atraente, O Fabricante de Lágrimas não cumpre o que promete. Fica a sensação de que assistimos a uma versão fragmentada e apressada de uma história que poderia render um romance adolescente genuíno e comovente. Assim, pode até fisgar o público-alvo pela estética elaborada e pela temática do polêmico romance. Mas, perde uma grande oportunidade de ser diferente dos demais.