Sendo um dos lançamentos mais esperados pelo fãs das HQs, “The Sandman” traz esse universo completo e respeita a essência do enredo. Afinal, houve inúmeras tentativas frustradas de adaptar a obra para o live-action. Porém, Neil Gaiman sempre foi um ferrenho protetor do enredo que criou e nenhum projeto vingou ou chegou a passar das discussões iniciais. Até que a Netflix anunciou uma adaptação desta HQ na forma de série. E então, uma legião de fãs prendeu sua respiração, ansiosos e temerosos pelo que poderia surgir deste projeto. Pois bem, estou aqui para dizer que podemos respirar aliviados: A produção é incrível. E vamos comentar mais a respeito:
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Respeitando a essência, mas com mudanças:
De fato, o que a série da Netflix faz com maestria é pegar um universo fantástico e adaptá-lo para uma narrativa modernizada que preserva os principais aspectos dos quadrinhos. Coordenadas pelo próprio Gaiman, que comandou a série ao lado de David S. Goyer (Batman Despertar) e Allan Heinberg (Mulher-Maravilha), essas mudanças não alteram em quase nada a história. Mas, dão mais personalidade a alguns dos personagens que cercam Sonho. Com isso, eles têm mais espaço para manter Morpheus “na linha”. Desde os antagonistas até aqueles que são o suporte do Rei dos Sonhos.
Além disso, diversos arcos foram simplificados ou alterados de alguma maneira, o que resulta em um maior dinamismo para a trama e um seriado mais envolvente. Ao cortar alguns nomes e histórias secundárias, surge espaço para que outras figuras ganhem um destaque maior. Tanto por aparecerem mais vezes do que nos quadrinhos, como por ganhar mais desenvolvimento em suas motivações ou nuances.
Incorporando os personagens:
Aliás, falando em personagens, as atuações de “The Sandman” são algumas das melhores que já agraciaram as produções originais da Netflix nos últimos anos. Boyd Holbrook, por exemplo, aparece simplesmente aterrorizante como o Coríntio, de maneira espetacular. Apesar de não aparecer tanto quanto seus colegas de elenco, Kirby Howell-Baptiste também faz um trabalho tocante como a Morte. Doce, a atriz entrega uma Perpétua forte, porém compreensiva, e que nunca esconde seu fascínio pelo amor dos humanos pela vida.
Na mesma linha, Gwendoline Christie, Vanesu Samunyai, Ferdinand Kingsley e Jenna Coleman fazem de Lúcifer, Rose Walker, Hob Gadling e Johanna Constantine, respectivamente, seus próprios personagens, dando uma cara nova a cada um deles sem nunca perder o que foi visto na obra original de vista. Agora, Tom Sturridge, que encontrou a voz perfeita para Sonho. Com um protagonista difícil, o ator conseguiu fazer com que o público tenha empatia com uma figura tão mimada e egoísta. Sem contar que consegue fazer com que Sonho tenha relances de humanidade, transformando o Rei do Sonhar em um “trabalho em progresso”. Principalmente em suas interações com Matthew, Lucienne (Vivienne Acheampong) e sua irmã mais velha, Morte.
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Conclusão:
Portanto, a primeira temporada de “The Sandman” na Netflix consegue corresponder a boa parte das expectativas que a cercavam. Menos reflexiva que o quadrinho de Gaiman, a série ainda assim entrega momentos intrigantes e emocionantes. Muito graças ao trabalho louvável de um elenco perfeitamente selecionado. Ainda que não repita a incomparável genialidade da HQ de 1988, o seriado é, pelo menos, uma ótima porta de entrada para curiosos e pode atrair toda uma nova geração de fãs que ainda não havia tido contato com as histórias de Sonho e seus irmãos Perpétuos.