Diante de um musical da Broadway e a chegada do filme, vamos comentar mais do livro Wicked, de Gregory Magueire. Aliás, o autor oferece uma releitura ousada e madura do clássico universo de Oz criado por L. Frank Baum. O livro apresenta a perspectiva da Bruxa Má do Oeste, Elphaba, mergulhando nas nuances de sua história, contexto social e motivações, e convida o leitor a reconsiderar conceitos de bem e mal. Portanto, vamos falar de Wicked:
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Um universo complexo e rico:
De fato, Wicked é um livro bem complexo. Ele é dividido em cinco partes e cada parte se passa em uma terra diferente dentro de Oz. O livro cobre basicamente toda a vida de Elphaba, começa antes do seu nascimento e termina em seu encontro com Dorothy, que se repete de maneira parecida com o que acontece em O Mágico de Oz.
Aliás, Maguire cria um cenário denso e detalhado, enriquecendo Oz com camadas políticas, sociais e filosóficas que vão muito além do conto infantil. Ele transforma Oz em uma sociedade complexa, com hierarquias e conflitos que refletem questões reais, como preconceito, autoritarismo e ética. O ponto de vista alternativo desafia o imaginário popular de Oz. A releitura dos personagens clássicos, incluindo Glinda e o Mágico, é criativa e cheia de surpresas.
A obra é sobre A Bruxa Malvada do Oeste:
A ideia do livro, no entanto, é simples: mostrar como a grande vilã de O Mágico de Oz se tornou essa grande vilã. Quando faz isso, Maguire cria uma versão humana e um tanto quanto realista de uma figura que é tradicionalmente bidimensional e que no trabalho original é um estereótipo.
Além disso, é interessante ver como a vivência, as experiências e as ações de Elphaba foram moldando a imagem dela. L. Frank Baum apenas apresenta a personagem como uma mulher maléfica e não aprofunda em sua personalidade, enquanto Maguire construiu todo um contexto para a vida dela. Por isso, ela é o exemplo de que ninguém é 100% bom ou ruim, ela não é totalmente má ou boa; ela é uma personagem bastante complexa e não pode ser definida apenas como “má” ou “boa”, ela é um misto das duas coisas. Mas, Elphaba é retratada como uma figura trágica e multifacetada. Além disso, sua luta com questões de identidade, moralidade e aceitação ressoa com leitores que apreciam narrativas introspectivas e humanizadas.
Porém, nem tudo é além do arco-irís:
A prosa de Maguire é frequentemente densa e, em alguns trechos, confusa. O excesso de detalhes e divagações filosóficas pode tornar a leitura arrastada, especialmente para quem espera uma narrativa mais linear. A trama tem altos e baixos significativos.
Enquanto algumas partes são emocionantes e envolventes, outras são lentas e parecem desconectadas do fio principal da história. Alguns leitores podem sentir que o desfecho deixa muitas questões em aberto, com resoluções que não fazem jus à construção meticulosa do restante da história.
Vale a pena ler Wicked?
Wicked é uma obra para leitores que buscam mais do que entretenimento; é uma exploração filosófica e psicológica que requer paciência e reflexão. Embora não seja perfeito, o livro é notável por sua ambição e pela maneira como reimagina uma história tão amada. Para alguns, pode ser um desafio, mas para outros, será uma experiência rica e recompensadora.
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