Lançado em abril de 2021, pela Editora Suma, “Sete Mentiras” tem uma premissa intrigante e que atrai desde o primeiro instante. Especialmente, para quem é fã de thriller, essa história parecia ter todos os elementos necessários para compor uma narrativa interessante. Mas será que isso realmente acontece dentro da obra? Por isso, vamos falar mais a respeito de “Sete Mentiras”:
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Relações obsessivas:
“Sete Mentiras” tem aquela narrativa em primeira pessoa em que somos um pouco reféns do ponto de vista de um personagem. Neste caso, a protagonista, Jane, nos conduz por uma trama em que a amizade atinge níveis doentios. Desde criança, Jane é amiga de Marnie e a intimidade de compartilhar segredos e momento e de crescerem juntas fez com que essa amizade criasse laços fortes. Porém, a personagem tem ciúmes e uma obsessão por sua amiga. Ainda mais, escondendo tanto fatos sobre o que realmente sente e pensa a respeito.
Dessa maneira, dividido em partes, em que cada uma traz uma das mentiras contadas por Jane para Marnie, acompanhamos cada sentimento agoniante de uma mulher que “apenas” quer toda a atenção da amiga pra si. Lembrando sempre que todo o ponto de vista é da própria Jane, apesar de que ela acaba sendo muito sincera e nos contando absolutamente tudo. Devido a isso, incluindo uma chuva de pensamentos pesados, é bem difícil de simpatizar ou entender a personagem. De fato, é ainda mais se tratando dos demais personagens, pois cada um tem uma complicação que é difícil de engolir.
Narrativa sem objetivo:
Em seguida, preciso comentar um pouco sobre a obra em si. A escrita de Elizabeth Kay não ruim, na verdade, é de certo modo boa. Afinal, a narrativa desta história não é linear, já que se alterna entre passado e presente, o tempo todo. Porém, se a gente não prestar bem atenção, é complicado de fixar na mente que estamos em tempos misturados. Tanto que a ambientação de cada capítulo são muito parecidos.
Sem contar que “Sete Mentiras” peca também ao manter o interesse no mistério. Lá pela metade da obra o ponto de virada acontece, mas a trama não consegue manter o ritmo. Dessa forma, fica um lento e enrolado, no qual não consegue instigar nem manter absorta na leitura. Aliás, deixa várias pontas soltas em relação aos personagens e finaliza a história sem dar pelo menos alguma pista. Ou seja, Kay tinha em mãos uma história com um thriller interessante, mas não soube usar muito bem os elementos.
Conclusão:
Portanto, “Sete Mentiras” fez uma promessa que não cumpriu. As mentiras não são tão relevantes assim e, na minha opinião, não são a causa de tudo que acontece na trama. Sendo que o mistério não instiga, as personagens são difíceis de engolir e não há nada que realmente te convença sobre aquilo que você está lendo. Infelizmente é uma leitura que não alcançou o potencial que tinha para ser um bom thriller.