Com toda certeza vocês já sentiram amor à primeira vista por algum livro. Olhou e disse: “Eu preciso ler essa história”. Foi isso que aconteceu comigo e com “O Silêncio da Casa Fria”, da autora Laura Purcell.
O livro se passa em 1865 e Elsie acabou de perder o marido com quem tinha acabado de se casar. Para evitar os comentários da cidade grande de Londres, o irmão da jovem sugeriu que a mesma fosse para a casa de campo do falecido para tentar se recuperar. Entretanto, essa casa é afastada de tudo e isolada até mesmo do vilarejo mais próximo.
Tudo estava indo bem até Elsie resolver começar a abrir portas da casa que deveriam se manter fechadas. Nessas aventuras a nossa protagonista descobre objetos um tanto quando peculiares. Esses objetos são os Companheiros Silenciosos que nada mais é que placas de madeiras em forma e tamanho real de uma pessoa em seu cotidiano.
Bom não quero dar muito spoiler porque acho que tudo nessa história tem um motivo e ela é muito cheia de detalhes que se você acabar descobrindo antes do momento perde a graça. Mas a história irá se desenvolver no mistério desses companheiros e o que eles representam.
No início quando comecei ver as pessoas falando sobre ele eu fiquei com os olhos brilhando desesperada sentindo que eu precisava conhecer a história desse livro. Eram muitos elogios e comentários que era uma das melhores leituras do ano. Então é obvio que quando finalmente consegui ler o dito cujo as minhas expectativas estavam lá no céu. Contudo, quando comecei a leitura eu julguei que não seria nada daquilo esperado.
A história se passa em três momentos, 1865 agora com a Elsie internada, no passado com as memórias da protagonista e em 1635 quando tudo começou. Diante disso, pensei “já era, esse vai e vem na linha do tempo”. Torci o nariz porque sim, livros com esse vai e vem acabam me incomodando. Porque é difícil achar algum autor que consiga desenvolver isso muito sem deixar a história arrastada e cansativa. Porém, me enganei com relação a Laura.
A escrita da autora é sensacional, leve e fluída. Você lê e consegue visualizar o que está sendo narrado pois a autora é muito minuciosa na descrição. E tudo ali narrado faz parte de um grande quebra cabeça que você tem que prestar atenção para no final ligar tudo.
Outra coisa que me chamou muita atenção no livro foi o desenvolvimento dos personagens e como a autora conseguiu trabalhar muito bem todos eles. Afinal, por mais que Elsie seja a protagonista, os outros personagens são tão importantes quanto, eles fazem parte e tem um motivo por estarem ali (ok que alguns não iriam fazer a diferença, mas a sua maioria sim). Isso me agradou muito, pois não foi apenas jogado, eles tinham uma história e seus demônios próprios para brigar.
Não posso dizer que isso me incomodou, mas uma das coisas que mais me deixou triste digamos assim é que eu esperava algo me mexesse com a minha cabeça e me deixasse sem dormir. No entanto, não foi bem assim. Na verdade é um livro de terror gótico que tem muito mais função de te impressionar do que te deixar assustada, claro que ele também possui muitos momentos de adrenalina que o leitor fica suando frio e desesperado pela situação em que o personagem se encontra. Então mesmo sem o tradicional medo e susto, esses momentos de tenção são perfeitos.
O que me fez não favoritar essa leitura é o fato de mesmo sendo uma história redondinha com início, meio e fim, algumas pontas ficaram soltas e eu senti uma pequena correria no final que me incomodou. É um final surpreendente que sinceramente eu não esperava, valeu muito. Contudo, ainda acho que faltou trabalhar alguns outros pontos.
O Silêncio da Casa Fria é um livro que tem uma pegada muito Shirley Jackson então é fácil olhar as cenas e lembrar de histórias como Sempre Vivemos no Castelo. É um livro que recomendo muito para quem quer começar a ler o gênero do terror. Sério, você não ira se arrepender.
Nossa miga, falou tudo no final, eu sabia que esse livro me remetia alguma coisa, só não sabia o quê. E, de fato, tem uma cara de Shirley Jackson! Amei a história e o final para mim também foi surpreendente!