Não é o primeiro nem o segundo livro de Lucy Foley que eu leio, mas O Ritual da Meia-Noite foi, sem dúvidas, o primeiro que me surpreendeu e me fez perceber o quanto a autora está evoluindo na escrita. Isso é muito legal de acompanhar, e eu quero contar para você o porquê de este livro ser tão bom!
Sobre O Ritual da Meia-Noite
Antes de falar sobre o que achei da história, preciso contar um pouco do enredo para você!
Francesca Meadows não vê a hora de inaugurar o Solar, seu novo e badalado hotel de luxo no interior da Inglaterra. A vista é um espetáculo. Os hóspedes são selecionados a dedo. E a floresta centenária nos arredores do hotel traz um clima rústico à experiência. Francesca acredita que seu novo empreendimento será um sucesso e que a grande festa de inauguração colocará o Solar nas listas dos melhores hotéis do país. Ela só não esperava que seu passado viesse à tona.
Bella, uma hóspede misteriosa, sabe que, por trás da fachada de mulher bem-sucedida e plena, a dona do hotel esconde segredos terríveis. Porém, ela não é a única que conhece os segredos sombrios de Francesca.
Durante a grande inauguração, um desastre acontece. Antigos amigos e inimigos circulam entre os convidados, e ninguém sabe em quem confiar. Será que finalmente chegou a hora de desmascarar a “riquinha”? O ponto é: o passado invadiu a festa e a comemoração acabará em morte.
Enredo envolvente com vários POVs
Lucy consegue escrever uma história fluida que mescla cinco pontos de vista sem deixar a narrativa arrastada, cansativa ou confusa. Além disso, ela também trabalha três momentos: o passado distante, o passado recente e o presente. Tudo poderia resultar em uma história confusa e cheia de furos, mas a autora conseguiu trazer fluidez e conexão entre todas as linhas temporais.
Além disso, Lucy construiu um mistério envolvente com um final não tão óbvio assim. A história me prendeu e me deixou em dúvida até o último momento sobre quem realmente tinha morrido e, principalmente, como isso aconteceu.
Outro mistério é: o que são os Pássaros e, claro, quem são eles? Aqui, a autora trabalha muito com a questão das lendas urbanas criadas em regiões específicas. Gostei de como ela desenvolveu essa lenda sem deixar a trama presa apenas a esse elemento. É como se fosse um extra para tornar a história mais intrigante e criar uma atmosfera de suspense/medo durante a leitura.
Muitos personagens atrapalham?
Mesmo com muitos personagens, a história se desenvolve bem e dá um papel importante para cada um deles. É sensacional como Lucy conseguiu equilibrar todos, dando peso e relevância a cada um. É óbvio que nossa protagonista é Francesca, que divide esse papel com Bella. Mas não posso deixar de mencionar Eddie e, muito menos, Owen, que desempenham papeis essenciais para o desenvolvimento do drama e enriquecem o enredo.
E já que estamos falando de enredo bem construído, O Ritual da Meia-Noite é um thriller intrigante e envolvente, que me fez refletir sobre várias situações. Em alguns momentos, minha imaginação foi além do que estava escrito. O desenrolar da história é emocionante, e foi difícil largar o livro quando cheguei à fatídica noite do solstício.
Talvez a única coisa que tenha me deixado um pouco chateada foi o fato de querer mais. Gostaria de uma passagem de tempo mais longa no final. A autora entrega apenas alguns meses depois, e eu queria saber como o restante dos personagens seguiu a vida. Ainda assim, Lucy conseguiu oferecer um desfecho satisfatório e, o mais importante, sem deixar pontas soltas.
Para quem quer um thriller envolvente do início ao fim e ama uma história com váios pontos de vista, O Ritual da Meia-Noite é leitura obrigatória. E se você ainda não leu nada da autora, este é o momento perfeito para conhecê-la! O livro é publicado pela editora Intrínseca, que também é responsável pelo os outros livros da autora aqui no Brasil. São eles: A lista de convidados, A última festa e O Partamento de Paris.