Após vermos algumas perspectivas da trilogia “Legado”, de N.K. Jemisin, vamos conhecer mais com o livro “O Reino dos Deuses”. Aliás, essa é uma forma de concluir um universo próprio e criado para refletirmos sobre a nossa realidade. No entanto, temos uma aventura mais focada em densidade narrativa, com personagens mais dinâmicos. Por isso, vamos ver mais de “O Reino dos Deuses”:
Narrativa mais densa:
Depois de conhecermos mais desse reino mágico, em “O Reino dos Deuses” vemos uma perspectiva dos deuses, nos quais são figuras tão marcantes na narrativa. Neste caso, temos Sieh, o Deus da infância (e trapaça), filho de Nahadoth. Após séculos foi aprisionado assim como seu pai, obrigada a fazer coisas abomináveis pelos Arameris. Neste momento, está vivendo sua recém liberdade lidando com seus traumas. Mas acaba se envolvendo em uma trama que desafia sua essência infantil.
Diante da incrível escrita de N.K. Jemisin, tudo se conecta de forma coesa, alguns acontecimentos em segundo plano dos primeiros trabalhos estão aqui com as respostas que os personagens anseiam. Porém, ela trouxe discussões atuais que deixam a experiência ainda mais densa, como abuso, pedofilia e violência infantil. Da mesma que os livros anteriores, temos essa construção de enredo tão completa.
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Personagens cativantes:
Além de um enredo tão interessante, a autora nos entrega personagens complexos, cheios de luz e trevas, heróis e vilões todos dentro dessa camada cinza que os torna reais mesmo dentro de um aspecto de fantasia. Sieh, de longe foi o Deus que mais adorei desde o primeiro livro. Pois suas ações e motivações tão puras e mesmo quando terríveis, uma resposta a sua essência e personalidade. Tanto que entendemos sua visão sobre o mundo.
Enquanto que os demais personagens nos cativa de uma maneira que nem esperamos. Aliás, é muito especial que todos os contos mitológicos possuem algo tão simbólico e com uma mensagem por trás. Mesmo quando eles abrem um buraco na realidade para deixar entrar o Maelstrom, emprestam de tantas fontes e ainda conseguem ser totalmente criativos e originais por conta própria.
Conclusão:
Portanto, “O Reino dos Deuses” permanece sendo uma obra que fala sobre tantas coisas reais em um universo mágico. À medida que a série avança, torna-se menos claro em preto e branco e se torna mais cinza. Ou seja, a realidade se apresentando a todos. E é incrível ver o quão inteligente é a trama geral de N. K. Jemisin e quão bem construída e quão brilhante suas metáforas funcionam. Sendo uma excelente forma de encerrar a trilogia.