Quer a sensação de estar em um ambiente pós-apocalíptico e fantástico ao mesmo tempo?!
A capacidade imaginativa de M.R. Carey é algo raro de se encontrar, pois o autor consegue criar universos e situações únicas. Além de um detalhamento incrível para situar os leitores e uma pegada bem cinematográfica. Quase como livros visuais. Em sua mais recente obra, O Menino na Ponte, lançado pela editora Fábrica 231, possui todas as características já mencionadas e, também, consegue envolver na fluidez da narrativa.
Essa ficção científica ocorre em uma Terra destruída por um vírus que dá uma desajustada nas pessoas. Existem poucos sobreviventes e eles realizam, dentro do possível, expedições para coletar indícios, buscar informações ou tentar entender melhor o vírus e encontrar uma possível cura. Em um desses grupos, bem diversificado entre cientistas e militares, que protagoniza a trama. Incluindo que temos o personagem Stephen Greaves que é quase considerado a salvação, de início. Mas, o caminho é mais longo do que aparenta ser.
A exploração que nós acompanhamos está em busca de uma cura para o vírus, algo que faça os humanos sobreviverem. No entanto, o que dita o ritmo da trama é a tensão de um grupo de personagens muito distinto, sob pressão e medo, confinado em um ambiente. Com diferentes objetivos e ambições, em determinado momento a corda que os une começa a romper seus fios. E é possível sentir isso enquanto a leitura se desenvolve.
Além do lado humano posto à prova em uma situação de limite e sobrevivência, o livro traz uma disputa política nas entrelinhas. Em algum lugar há um posto de sobreviventes, que comanda a expedição, inclusive, e lá acontece uma briga pelo controle. Essa influência política acaba desestabilizando o grupo de personagens. É uma forma interessante de percebermos como as ambições pessoais sempre jogam contra até mesmo numa situação de apocalipse.
Enquanto isso, temos o Stephen, que é enigmático e excepcional em sua inteligência, mas que não possui presença. O foco acaba se tornando mais a respeito do grupo, do que realmente seria “o protagonista”. Isso sem levar em conta as atitudes inesperadas, nos quais nem sempre acabam bem.
A narrativa flui veloz e as explicações vão sendo dadas à medida que a história avança. O começo é um tanto confuso justamente por isso, mas há um ar de aventura e exploração que compensa as muitas perguntas que temos na cabeça. A tensão é uma constante porque nunca sabemos o que vamos encontrar a cada novo minuto nesse planeta devastado.
Entretanto, O Menino da Ponte é criativo, inventivo e quase um longa metragem dentro de um livro. A história é bem montada e se desenrola de uma forma tão natural, e você fica se perguntando o que virá a seguir, porque uma ação vai levando a outra. Os personagens trazem uma mistura de sentimentos, pois cada tem uma particularidade. Porém, é impossível de esquecer cada emoção e empolgação durante a leitura.