Se você gosta de uma boa história do interior, com montaria, caipira e cidadezinha pequenina, então Bruto e Apaixonado é para você. Porém, se você não está acostumado com tanta grosseria e machismo, se preparem para essa leitura.
Bruto e Apaixonado é da autora brasileira Janice Diniz e faz parte da série Os Irmões Lancaster, publicado pela editora Harlequin. Esse é o primeiro livro e conta a história de Mário Lancaster, o mais velho entre os 3 irmãos. Depois da morte do pai, Mário se viu na posição de não deixar a fazenda ir à falência, então comprou terreno da própria fazenda para fazer o que bem achasse que fosse certo. Mário era visto como o maravilhoso da cidade, o manda chuva, se assim podemos chamar. Nenhuma mulher conseguia dobrar esse macho que sabia exatamente quando e como dispensar uma mulher.
Tudo poderia seguir seu rumo normal se a antiga fábrica não tivesse sido vendida e a executiva, Natália, não tivesse sido mandada para Santo Cristo para fazer uma limpeza na fábrica. É nesse ponto que a história começa a desenrolar e traçar os novos caminhos de Mário e Natália. Ele tem que se acostumar com uma mulher independente e ela tem que se acostumar com um grosseirão do interior.
O livro tem uma premissa bem interessante e agradável. Quando li a sinopse fiquei bem encantada e ansiosa pela experiência de ler um nacional que retratasse o nosso interior. O que surpreende é que a autora traz para os personagens, principalmente para o Mário, a personalidade característica de um homem grosseiro e machista. Na verdade não só o Mário, mas todos ali em Santo Cristo. Confesso que isso me incomodou um pouco, a forma como banalizavam o sexo pelo ponto de vista do homem. Porém, aos poucos esse olhar vai mudando.
A história demora para se desenrolar, as coisas acontecem de forma cronológica e tudo fica muito bem explicadinho para que o leitor consiga entender exatamente as informações. Outra questão curiosa é a escrita. Nossa, se você não está acostumada, sem dúvidas, até você pegar, pode demorar um pouco, pois a autora conseguiu transportar para o livro todos os jeitos que uma pessoa do interior fala. Isso é bom, pois traz mais realidade para a ficção, porém também cansa pelo excesso de forçação nesse tipo de diálogo.
A forma como Janice descreve os personagens é interessante, parece que ela entrou nas mentes deles e em seus gêneros para descrevê-los da melhor forma. No caso, Natália é uma surpresa, em nenhum momento senti raiva dela, ficando ali no meio de tanto machista que a julgava, principalmente, por ser mulher. Existiram grandes momentos em que foi de suma importância a sua boa descrição de características.
Bruto e Apaixonado tem muitos pontos positivos, como por exemplar trazer como pauta a situação do nosso interior, das cidades pequenas, dar espaço para eles. Além também de uma escrita nova e bem característica da história. Porém, muitos pontos também incomodam, como o excesso de grosseria dos homens sem necessidade, o fato de verem as mulheres (ok que é mais no começo do livro) como objeto, a forma de falar e se comportar. Acho que não era bem esse tipo de bruto que eu tinha imaginado. Concordo que depois ele vira um gentleman, mas antes disso, muitas coisas nos deixam perturbadas.
Esse é o primeiro livro da série que teve seu início no whatpad. É uma história diferente do que é vendido hoje nas livrarias, porém ainda assim com um olhar bem fechado e pouco explorado sobre o comportamento de um bruto.