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QuickSand

Atentados em escolas é um assunto que marca a história de vários países do mundo. No Brasil, teve em Suzano, em março deste ano, e em Realengo, em 2011.Nos Estados Unidos, porém, o número de incidentes acerca de massacres em escolas é sempre crescente. Infelizmente, o fenômeno é mais comum do que se imagina.

Por isso, a série sueca da Netflix, QuickSand, conta a história de Maja, envolvida em um caso desses e indiciada como parte do ataque.Maja (Hanna Ardéhn) é a típica aluna da classe média alta sueca, porém sua vida muda quando se envolve com Sebastian (Felix Sandman).  Ele, um multimilionário playboy, investe pesado na menina e os dois começam a namorar. Conforme o desenvolvimento da produção, o cavalheiro romântico se revela um vagabundo drogado que afunda a doce garota em seu mundo sem limites e frustrações.

A narrativa profunda e cheia de assuntos atuais:

QuickSand
Cena inicial de “QuickSand”

A narrativa se divide em presente e passado. Enquanto acompanhamos a investigação do atentado, conhecemos mais e mais sua história de Maja com “Seb”. Desde os primeiros passos do relacionamento até o aprofundamento de brigas que trazem feridas e cicatrizes no emocional de cada um dos envolvidos.

Sebastian vai conhecendo o sentimento de frustração ao longo desta jornada e, sem conseguir lidar com isso, traga para dentro de um universo obscuro sua amada. Mas o que os levou a realizar o tal atentado, cuja cena nos é descrita de forma pouco detalhada na abertura da série? Essa pergunta é o principal motivador do espectador, que segue os 6 episódios tentando desvendar as motivações pessoais de seus protagonistas.

A série trabalha com diversos elementos e assuntos urgentes para a sociedade atual. Desde frases xenófobas, principalmente com Samir (William Spetz) até o ambiente desmedido de drogas entre adolescentes. Sem esquecer que os sentimentos super-aflorados dos adolescentes que, por vezes, não sabem medir prós e contras e agem de maneira leviana para com tudo ao redor.

Seb é a maior expressão de toda essa lógica, concentrando em sua persona o jovem que acha que tudo pode, mas que não sabe lidar de forma alguma com as primeiras negações que a vida começa a lhe impor. É visto que os temas se justificam na vida do jovem, já que é rechaçado pela figura paterna, que só tem olhos para o irmão mais velho e orgulho do papai. Porém, isso não nos sentir qualquer empatia ou compaixão pelo personagem, já que ele é violento e só quer fazer o que deseja. Mesmo que tenha a Maya, é um sentimento de possessão do amoroso.

Sobre os protagonistas:

QuickSand
Maja (Hanna Ardéhn) e Sebastian (Felix Sandman) em “QuickSand”

Falando na protagonista, Hanna Ardéhn consegue passar ao público sentimentos perturbadores e de maneira verdadeira, como raiva e desespero. Porém, em alguns momentos, a personagem é muito fria, não tem interesse em se defender ou se culpar, devido a tudo o que sofreu. Enquanto que Felix Sandman conseguiu se destacar com seu personagem problemático e excêntrico.Interpretando com veracidade momentos pesados, onde aparece usando drogas, bebendo e sendo agredido.

A série já conseguiu se provar muito eficiente logo em sua cena de abertura. Um plano sequência passeia pelo momento do crime, sem nunca revelar a ação, apenas expondo os sangrentos resultados desta violência. Construindo a situação catalisadora da trama de forma controlada, ao invés de apelar para o choque imediato e para a representação irresponsável de tamanha tragédia.

A ideia por aqui, não é necessariamente justificar a trajetória de Maja e Sebastian. Nem tão pouco, dedica para contextualizar a tragédia. Ao invés disso, utiliza este evento perturbador para falar sobre tópicos ainda mais abrangentes e desconcertantes, facilmente reconhecíveis à qualquer ser humano. É  uma produção que fala sobre desamparo, e sobre a nossa incapacidade de amparar.

Conclusão:

“QuickSand” é uma produção da Netflix que resultou em uma experiência bem conflitante, mas quer questionar a frieza divisiva da nossa sociedade. Com direito à alguns diálogos abordando a polêmica de imigração que assola a Europa. No entanto, a série quer estudar as consequências dessa frieza, e se perguntar se somos capazes de ajudar o próximo.

Sem antes empurrar alguém para dentro do abismo, ou achar que o nosso lugar é, inevitavelmente, dentro dele. De quem é a culpa? Tribunal nenhum seria capaz de responder essa pergunta além da porta da cadeia. Deixem essa questão para quem, no momento do desamparo, olha para si mesmo, e consegue se enxergar.

QuickSand está disponível na Netflix! 

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