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Quando se é adolescente, tudo é extremo. Nunca mais irá encontrar o amor, nunca mais vai ter amigos, nunca vai ter sucesso, etc. É como se estivéssemos tendo a última chance da vida, mas é o oposto. E essa forma de ver a vida acaba refletindo no gosto musical, principalmente para a minha geração dos anos 2000 e o auge do emo.

Sempre tive vergonha disso e nas poucas vezes que alguém via que eu estava escutando NX Zero ou Fresno, falavam que era banda de “viadinho”, que era muito ruim e outros preconceitos burros. Então, parei de escutar e acabei repetindo esses preconceitos. Porém, sempre temos tempo para mudar. Fiquei mais velho e parei de me importar com isso, e depois de um amigo insistir muito, voltei a escutar Fresno e prestar atenção nas músicas.

Tudo isso para me preparar para um show de encerramento da turnê “A sinfonia de tudo que há”, ao lado da minha casa. Era como se os astros tivessem se alinhado e a oportunidade perfeita apareceu. Quando falei para qual show eu iria, os comentários babacas voltaram a aparecer, mas isso já era passado. A expectativa criada nas últimas semanas escutando as músicas deles foi mais do que superada.

Durante o show pude perceber porque eles são a maré viva. Só entende quem está lá, e até o Lucas Silveira (vocalista da banda) falou isso durante o show. Talvez tenha falado para tentar me explicar o que estava acontecendo, já que eu estava perdido naquele sentimento. Era como se eu fizesse parte daquilo desde que tinha nascido. Todas as músicas, os fãs, a energia, tudo era perfeito. Cada música tinha o seu propósito, muito maior que cantar algumas palavras. Elas tocavam o peito dos fãs, que retribuam cantando aos plenos pulmões. Tudo ganhava um significado muito mais importante e a cada música que passava, eu queria que voltasse, pois era muito injusto que terminasse. Mas, infelizmente, tudo tem o seu fim.

Porém, a sensação era de um “até logo”, mas eu não poderia parar de escutar ali. Era como se eu tivesse perdido muito tempo escutando os preconceitos e deixado de lado uma banda que me ajudaria a entender o que eu passava na adolescência. Agradeço ao meu amigo que insistiu muito para eu ir, porque teria perdido uma banda que me ajudou a encontrar uma parte de mim. Fui em vários shows nos últimos tempos, alguns muito bons e outros nem tanto. Mas aquele que eu não tinha me importado muito, foi o que acabou me cativando. Eu tinha estado no melhor show da minha vida e só fui entender isso quando não parei de escutar as músicas.

A música quebrou a barreira do meu preconceito e invadiu o meu coração. Agora entendo a tal maré viva que o vocalista da Fresno canta, e finalmente faço parte dela.

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