Mesmo com todo o adiamento dos filmes, devido a pandemia do Coronavírus, algumas projetos optaram para serem lançados diretamente no mundo dos streamings. É o caso de Mulan, uma das grandes apostas de 2020, que não chega ao Brasil pelas telonas, mas sim pelo catálogo do Disney+.
Mas o que acontece de fato ?!
Em sua essência, a história segue a mesma da animação de 1998. Mulan é uma jovem corajosa, que decide assumir o lugar de seu pai para salvar a China de um grupo de invasores. Alguns detalhes se transformam nessa versão, como os inimigos guerreiros Rouran, que buscam vingança contra o Imperador, e são auxiliados por uma misteriosa bruxa, Xianniang.
É muito triste ver que uma produção como Mulan, o remake mais caro da Disney, com o orçamento passa dos US$ 200 milhões, não esteja sendo vista nas telonas do cinema. O longa é um épico de ação que alegra os olhos do espectador, usando bem a paleta de cores e os cenários para encantar. Porém, nem tudo é perfeito nesta trama. Se tecnicamente o longa impressiona, em outras áreas o filme fica devendo.
O filme peca na sua montagem, em especial nas cenas de ação que opta por usar câmeras em close nos personagens. Isso faz em alguns momentos o espectador se perder geograficamente. Em pelo menos duas situações o personagem em destaque no momento da ação vai do ponto x ao y de modo quase mágico e não se sabe onde o personagem está na hora do combate. Os efeitos especiais também tem altos e baixos, o CGI fica evidente e deixa um ar de artificialidade em algumas cenas.
Algo válido a se comentar é a comparação com a animação clássica, que tem um respeito muito grande. A diretora Niki Caro opta em fazer uma releitura mais fiel as tradições orientais. Sem a sessão musical e divertida. Mas nada de modo sombrio. Ou seja, nenhuma dessas ausências prejudica a trama ou a nova proposta, que no geral é muito bem executada.
Homenagem a cultura e os filmes da China:
Essa homenagem cinema e cultura da China é bem marcante, principalmente nas cenas de ação e na própria protagonista. Mulan sobe em telhados, escala paredes e atira lanças nos inimigos com tremenda força. E ainda,
não sofre ferimentos ou um arranhão sequer durante toda história. Além disso, temos o uso e abuso de ângulos diferenciados para mostrar as batalhas. É impossível não lembrar de obras como O Tigre e o Dragão e O Mestre das Armas ao assistir essas cenas.
Outro ponto positivo do longa é como ele mostra as dificuldade no treinamento de Mulan e seus esforços para não chamar a atenção dos outros e ser descoberta, o filme sempre lembra do que pode acontecer caso isso aconteça e a direção, sabiamente, optou em colocar a protagonista entre soldados jovens, permitindo a personagem se misturar a eles sem ter que recorrer a uma maquiagem caricata, o que poderia causar um estranhamento e tirar toda credibilidade do projeto.
No quesito atuações, temos um verdadeiro mar de sentimentos, pois são poucos que realmente se destacam. O vilão interpretado por Jason Scott Lee, tem uma caricatura da obra anterior. Os destaques são a antagonista Gong Li que funciona como um contraponto interessante com protagonista. Liu Yifei carregou com orgulho o papel tão marcante do estúdio do Mickey Mouse. Ela defende bem os seus ideias, principalmente mostrando que é importante se aceitar em todos os aspectos.
Conclusão:
Portanto, Mulan se afasta do conteúdo original para contar uma história mais fiel a lenda. Essas mudanças fazem o longa funcionar como uma releitura da clássica animação com um leve toque diferenciado. No entanto, entre os acertos e erros, o saldo é positivo e deve agradar.