Com a tentativa de retornar com as distopias, o filme da Netflix, Feios, falha nesse resgate e desperdiça com a produção. Baseado no livro de Scott Westerfeld, a obra tenta chamar a atenção. Mas, acaba sendo bem esquecível. Por isso, vamos falar mais de Feios:
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Distopias jovens em 2024?
Houve um tempo em que distopias jovens-adultas tiveram um boom significativo no cenário do entretenimento, como Jogos Vorazes e Maze Runner. Mas, podemos considerar que foi uma febre que passou e teve o seu grande momento. Agora, anos depois desse boom se aquietar na sétima arte, a Netflix nos convida para a vindoura adaptação de ‘Feios’.
O filme, baseado no romance de Scott Westerfeld, acompanha uma jovem garota chamada Tally Youngblood (Joey King), que aguarda ansiosamente por seu aniversário de dezesseis anos para passar por uma cirurgia que a transformará em uma pessoa perfeita. Tanto interna quanto externamente. Todavia, conforme o dia se aproxima, ela percebe que as coisas não são o que parecem ser e se alia a um grupo rebelde.
Nada de diferente:
De fato, percebemos que a trama da produção está longe de ser original. Mas, as boas intenções não foram o suficiente para garantir que a releitura alcançasse sucesso, cedendo a inúmeras fórmulas YA e sci-fi para construir um universo indelével e monótono. E recusando-se a mostrar qualquer frescor criativo e técnico a uma esfera artística que, de fato, já está bem saturada.
A verdade é que todos os aspectos do longa-metragem soam datados, como se tivesse sido lançado em uma época fora da realidade e pautada em um anacronismo exaurível. Enquanto o elenco tenta dar seu máximo para se desviar de diálogos fracos e esquecíveis, as possibilidades de criação são limitadas, cerceadas a restrições autoimpostas que transformam a narrativa em uma mixórdia de previsibilidades frustrantes. Inclusive, para aqueles que leram o romance de Westerfeld.
A Joey King tentou…
King tem um efêmero brilho ao interpretar Tally, mas rende-se a cópias de outras personagens que já viveu no cinema e na televisão, como se estivesse cansada demais para ir além do óbvio; Tju e Powers fazem um bom trabalho, apesar de presos aos arquétipos que representam; e Cox, tendo uma presença impactante em cena, volta-se de forma certeira para uma rendição mais teatral e camp, divertindo-se como a antagonista da história.
À medida que os breves pontos positivos se entrelaçam pelos atores, o restante dos elementos que compõe a obra são falhos em sua maior parte: McG, que já trouxe títulos como ‘Chuck’ e ‘A Babá’ à vida, parte de princípios formulaicos demais – seja na montagem frenética nas cenas de ação, seja nos enquadramentos expansivos dos momentos mais dramáticos – para serem levados à sério;
E não vale a pena assistir Feios:
De fato, Feios tinha todos os elementos necessários para resgatar nossa paixão pelas distopias adolescentes por que nos apaixonamos anos atrás. Porém, a falta de comprometimento em trazer essa ótima obra literária ao audiovisual transforma o projeto em um aglomerado de trivialidades tópicas, atuações imemoráveis e duvidosas escolhas artísticas que se estendem por mais tempo do que deveriam.