Observar o cinema nacional como um todo pode ser um pouco complicado, já que possui qualidades, defeitos e também opiniões divergentes. Para uma análise mais aprofundada e teórica, a estudante de cinema da FACHA, Ana Luisa de Macedo Oliveira, apresentou seu ponto de vista em relação ao cinema nacional atualmente, além de contar um pouco mais sobre sua paixão a sétima arte:
Qual foi sua motivação para escolher cinema como profissão?
A primeira vez que eu disse que era essa profissão que eu iria seguir foi após assistir o filme “A Invenção de Hugo Cabret”, eu vi aqueles efeitos e fiquei extasiada. Naquele momento, eu decidi que queria entender como que eles fizeram aquilo tudo, como era possível pôr um trem onde não tinha nada, qual era a questão técnica por trás de todo aquele universo de imaginação.
Existe algum ídolo que lhe inspirou?
Eu me inspiro em tantas pessoas, sinto que meu modo de produzir ainda vai mudar muito, até porque eu estou começando agora, rs. A lista é infinita… Eu me inspiro muito no Tarantino, no Ridley Scott, no Miyazaki, na Kathryn Bigelow, na Petra Costa, na Sofia Copolla… E por aí vai! Esses cineastas me inspiram no modo de planejamento de uma cena, na escrita de um roteiro, na fotografia… Seus estilos são únicos e bem diferentes. Eles passam uma carga de sensibilidade que eu pretendo inserir nos meus filmes.
Nós últimos anos as maiores bilheterias nacionais vêm do gênero da comédia. Por que essa preferência?
As produções de comédia são as que possuem mais apoio e parcerias comerciais. A bilheteria de um filme no cinema está muito atrelado à força do marketing em cima dele. Além dessa propaganda, existe o enorme contingente de público que, na sua maioria, tem gostos mais populares. Isso não é necessariamente um defeito, o cinema de comédia tem muita relevância na história do cinema. Porém, essa tendência do público brasileiro fortalece ainda mais os monopólios das grandes empresas e dificulta o cinema independente.
E quanto aos outros gêneros? Acredita que por meio deles o cinema nacional pode evoluir?
Com certeza, a arte sempre está em constante mudança. Na realidade o cinema nacional já está evoluindo. Nós já temos nomes que estão construindo sua notoriedade: o Alê Abreu com “O Menino e o Mundo”, a Anna Muylaert com “A Que Horas Ela Volta?”… O cenário de audiovisual brasileiro está expandindo e nós podemos ver produções sendo realizadas em todas as regiões do Brasil, cada uma delas trazendo o seu elemento cultural. O cinema brasileiro tem muito potencial, o único empecilho para a sua evolução seria a instabilidade política, que pode acabar influenciando no seu ritmo de produção cultural, diminuindo-o.
Em sua opinião, a opção do público por escolher a comédia é devido às complicações do dia a dia?
Acredito que o cinema de entretenimento está muito ligado à questão cultural. O púbico brasileiro já tem um histórico de escolha por filmes de comédia, até pelo seu passado na televisão… Essa mídia irreverente acaba moldando muito as decisões de consumo do público. É verdade que assistir um filme pode ser uma válvula de escape, mas está muito ligado à oferta do mercado, o fato de os programas de stand-up na televisão serem um sucesso acaba levando os produtores à investirem mais naquilo que traz números positivos. Não acho que seja apenas uma decisão do público.
Quanto ao futuro do cinema nacional, você acha o público pode “abrir a mente” quanto os gêneros?
Acredito que sim, tudo é possível! E eu acho que já está mudando, nós temos um mercado de audiovisual que está crescendo, a diversidade dos estudantes de cinema e sua bagagem de influências já nos dá uma ideia para o futuro. Na minha opinião, essas novas mentes no espaço cultural irão influenciar o público a ir mais ao cinema e se arriscar em coisas novas, o público brasileiro aos poucos irá alcançar uma maturidade cultural. É certo que, no futuro, o sucesso de uma bilheteria dependerá muito do resultado de um bom marketing digital, isso vale para qualquer gênero. As redes sociais e o cinema digital vão colaborar muito para esse futuro, pois assim surgirá um espaço mais democrático para o cinema se expandir e o público ter acesso às noticias das novas produções.