Diante de um filme que se joga no seu lado épico, “Duna: Parte 2” veio para continuar o seu legado na ficção científica. Aliás, com o segundo filme, Denis Villeneuve conclui adaptação do livro lançado por Frank Herbert em 1965. Por isso, vamos ver mais de “Duna: Parte 2”:
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Apostando no lado épico:
Dentro das dunas de Arrakis, vemos o lado épico do filme se apresentando cada vez mais, com seus planos aéreos e cenas cheias de ação. Se comparada ao primeiro filme, a sequência de “Duna” é bem mais ágil, com um foco maior nas cenas de ação. No entanto, o desenrolar dos acontecimentos ainda não acompanha o ritmo. Essa lentidão é mais perceptível na primeira parte do longa-metragem, que ganha um dinamismo maior da metade para o final.
Denis parece ter reservado sua incursão inicial pelo universo de Frank Herbert para apresentá-lo ao público, explicando todo o conceito cultural e geopolítico que envolve a trama. Agora, já familiarizados com o funcionamento desse mundo fictício, os espectadores são expostos a momentos mais eletrizantes. Por outro lado, a parte mística da história ganha aprofundamento, deixando mais nítida a intenção de questionar o domínio exercido através da religião.
Mas é melhor que o primeiro?
Do ponto de vista técnico, “Duna: Parte 2” consegue superar o seu antecessor. Feito que pode se repetir em 2025, levando em consideração o primor com que o novo filme de Villeneuve trata os seus aspectos visuais e sonoros. Mantendo distância dos exageros de computação gráfica comuns às grandes bilheterias atuais, o longa consegue construir um cenário realista, com um deserto que é, ao mesmo tempo, de uma beleza estonteante e de uma fúria mordaz.
Os personagens enquadrados tão pequenos em relação às dunas gigantescas, bem como as tempestades de areia que chegam a turvar nossa visão da cena, demarcam bem o conceito de embate entre homem e natureza expresso na obra.
E o elenco?
A escolha de Timothée Chalamet como protagonista está longe de ser uma unanimidade. É preciso reconhecer, no entanto, que o ator parece ter aprimorado seu domínio sobre o personagem, que passa a apresentar certa ambiguidade em suas decisões. Zendaya, por sua vez, ganha mais tempo de tela e a oportunidade de trabalhar melhor a destemida Chani, provando sua capacidade de sustentar a carga dramática da personagem.
Enquanto que todo o elenco entrega profundidade e participação, até com poucas falas. Com exceção de Austin Butler. Pois seu vilão, Feyd-Rautha Harkonnen, é anunciado como um sociopata terrível, mas não chega a causar um impacto real nos rumos da história.
Vale a pena ver “Duna: Parte 2”?
Entre lutas coreografadas com precisão e vermes gigantes produzidos digitalmente, “Duna: Parte 2” consegue manter a ação sem dissipar os temas mais gritantes da obra de Herbert, como imperialismo, ecologia e fanatismo religioso. Mantendo o desfecho trágico do livro, Villeneuve deixa o gancho para uma ainda não confirmada – mas muito provável – terceira parte, que deve adaptar “O Messias de Duna”, segundo volume da saga criada pelo escritor estadunidense. Talvez, teremos uma conclusão inesquecível.