Após anos do grande sucesso da trilogia de “Onze homens e um segredo”, a volta de Debbie Ocean com mais oito mulheres incríveis traz uma nova perspectiva a esse filme tão icônico no gênero de ação. Gary Ross consegue entregar um filme que mantém a essência dos anteriores, com um novo elenco que garante o ar de novidade, mas sem criar algo tão novo assim.
Em Oito Mulheres e um Segredo, apresenta uma proposta simples e entrega exatamente o que propõe. Debbie Ocean (Sandra Bullock), irmã de Danny Ocean (George Clooney), sai da prisão e decide roubar um colar de diamantes e, de quebra, se vingar de um ex-parceiro que a colocou na cadeia. Para isso, irá contar com a ajuda de sua amiga Lou (Cate Blanchett) e de mais seis mulheres: Rihanna, Helena Bonham Carter, Mindy Kaling, Awkwafina, Sarah Paulson e Anne Hathaway.
A dinâmica deste filme se mantém muito próxima à da franquia, mostrando que existe uma preocupação de manter as características dos filmes anteriores. Gary Ross reproduz a direção de Steven Soderbergh (“Logan Lucky: Roubo em Família”) do começo ao fim. Isso garante uma fidelidade aos filmes anteriores e reforça a conexão, uma vez que no texto as menções são pontuais, o que não prejudica em nada a trama. Porém faz falta um elemento novo para a franquia. É evidente que optar por um elenco feminino como protagonista é uma mudança bem vinda, mas o resultado soa como a mesma ideia, só que com novas personagens.
Isso, no entanto, não reduz o principal mérito do filme. Trata-se de um entretenimento eficiente e interessante. Várias piadas funcionam e as que sobram não chegam a ofender. Mas o longa se garante mais como uma obra divertida, que talvez não faça o público gargalhar. Nesse sentido, a personagem de James Corden, o investigador John Frazier, se destaca, junto com parte do carisma do próprio Corden como comediante. Sendo o principal, para não dizer único, personagem de elenco masculino realmente interessante. Mas é no elenco principal que ganha, e merecidamente, o principal destaque. Bullock e Blanchett brilham como já lhes é habitual. As atrizes reproduzem os papéis de Clooney e Brad Piit, introduzindo trejeitos específicos, mas mantendo a relação dinâmica. Sandra Bullock ainda consegue trazer à tela alguns ecos do irmão, mostrando que alguns olhares, além do inteligente sarcasmo estão no sangue da família Ocean.
As demais atrizes, por fim, cumprem o papel coadjuvante no mesmo nível de excelência. Helena Bonham Carter, por exemplo, é exageradamente caricata, como já nos acostumamos de seus filmes anteriores, o que serve bem à personagem. Situação parecida com o que acontece com o papel de Anne Hathaway e Daphne Kluger. A interação do grupo é bem apresentada e as personagens assumem funções relevantes quando necessário.O resultado culmina numa sequência muito boa, vendo o plano que acompanhamos sendo posto em prática. Faltam alguns bons momentos de tensão durante a execução, o que faz com que sejam raros os momentos em que o público considere um possível fracasso do roubo. O que demonstra que o rigor estético estava em primeiro plano, faltando a já citada originalidade.
Ignorando eventuais problemas de continuidade, a história de “Oito Mulheres e um Segredo” é divertido e funciona muito bem, seja como sequência da franquia “Onze Homens e um Segredo”, seja como um filme independente. Ademais, é agradável ver um elenco feminino junto, com escolhas bem justificadas para tal. Soma-se a isso a direção e montagem eficientes que, se pecam na originalidade, se garantem muito bem na elegância que o filme pede.