Depois de La Casa de Papel, Elite é mais nova aposta espanhola da Netflix e, particularmente, fico muito feliz por essa invasão latina de séries, em que muitas produções americanas e britânicas dominam esse universo. Nos últimos dias a Netflix vem fazendo uma publicidade pesada em cima desta série, não digo somente nas redes sociais, porém Posters foram espalhados pelas cidades. Confesso que é muito estilo de Rebelde um pouco mais problemático. Digo mais, um mistura de Rebelde com Skins. Mas vamos ao que interessa.
Elite conta história problemática de adolescentes pobres que são inseridos no universos dos riquinhos. Tudo começa quando uma escola pública vai abaixo e 3 jovens ganham uma bolsa de estudo na melhor e mais cara escola da cidade. São eles: Samu, Nadia e Christian, cada um com sua personalidade, crenças e problemas. Do outro lado, temos os filhinhos de papais que rejeitam até o último fio de cabelo os bolsistas, são eles: Polo, Lucrecia e Guzmán. Porém existem campos neutros como Andes e Marina, irmã de Gúzman.
Mesmo com tantas desavenças, brigas e preconceitos, uma morte entre os jovens deixa todos desestabilizados e a policia precisa descobrir o quanto antes quem é o assassino. Porém, a pergunta é: até que ponto você conhece o seu amigo? Até onde você iria por amor? E é através desses questionamentos que a série se desenvolve.
A série é bem dinâmica e mistura a narrativa do passado, fazendo uma cronologia dos acontecimentos, com o agora, durante a investigação do assassinato. Durante todo o tempo o telespectador consegue ir construindo o perfil dos jovens e descobrindo seus maiores segredos. Não de todos, pois alguns ainda são uma caixinha de surpresa, que até no último episódio ainda deixa muita gente em dúvida do seu caráter.
Elite também traz assuntos polêmicos bem desenvolvidos e com personagens bem característicos. Um dos assuntos é o preconceito que algumas religiões têm com pessoas homossexuais, que em contra partida, pessoas que vivem na pressão dessa religião acabam achando na venda e no consumo de drogas uma saída para ser quem ela é. Ou seja, um assunto sempre irá se intercalar com outro e assim formando uma teia entre os personagens. Para ilustrar, nesse caso temos Omar, irmão de Nadia, que vem de uma família tradicionalíssima muçulmana que preza pelo seu nome limpo. Omar é um jovem como qualquer outro, rebelde, não gosta muito de escola e não tem muita perspectiva, porém seu mundo vira de cabeça para baixo quando conhece Andes e se apaixona por ele.
No relacionamento de Andes e Omar, podemos destrinchar tantos outros assuntos que tornam a história tão maravilhosa de significados. A verdadeira amizade, o medo de encaramos a verdade e quem são realmente as pessoas com que convivemos. E principalmente questiona quem é mais preconceituoso, você ou outros, pois muitas das vezes o próprio homossexual, no caso aqui Omar e Andes, passam por esse dilema de autoaceitação mesmo depois que todos (uma parte é claro) aceitam o relacionamento. Um medo natural até.
Outros assuntos são os problemas dos ricos. Às vezes esses problemas não são apenas roupas, festas e futilidades no geral. No caso temos a família de Marina, que enfrenta problemas sérios financeiros e com trapaças, já que a jovem busca nas drogas uma forma de se aliviar quando vê sua vida desmoronando. Ela não confia em si, se diz corajosa, mas no fundo ela não sabe o que realmente quer. Por muitas das vezes é fácil nós, telespectadores, sentirmos raiva da personagem, afinal, ela brinca com o coração de um dos rapazes mais legais da série, Samu. Mas chega uma hora que é totalmente compreensivo esse medo que Marina tem de se entregar a Samu, pois na verdade ela tem medo de amar, de ser amada e de ter alguém para cuidar, afinal ela nunca teve isso.
Além dessas histórias, Elite desenvolve bem os personagens, dando espaço para cada um deles mostrar um pouco do seu comportamento, índole e caráter. No meio disso temos Christian, que quer ser famoso e influencer a qualquer custo que se junta a Carla e Polo para brincarem de orgias e tentar um chance de aparecer. Christian pode até ter uma personalidade divertida, se mostrar confiante, mas fundo sua auto estima é tão lá embaixo que se submete a dupla. E os outros dois dessa dupla são um mais frio que outro, muito difícil até entender para descrever a personalidade deles. Talvez seja: apenas somos ricos e queremos continuar ricos, sem nos importar com os riscos.
A série é muito bem desenvolvida, consegue ser coerente do início ao fim. A escolha do assassino é uma surpresa, talvez seja a última pessoa que você pense, porém diante da situação, faz todo o sentido ser ela. Não aceito eu não ter pensado nisso antes. Porém, a conclusão é um pouco injusta, deixando uma pontinha de ódio de todo mundo.
Vale ressaltar que é uma série para maiores de 18 anos, pois possui cenas com drogas e cenas de sexo.
Se vamos ter uma segunda temporada, eu já não sei. Principalmente pela série não deixar nenhuma brecha para uma continuação. Alguns personagens ainda são uns enigmas, mas sobre aquele caso, já não temos mais o que desenvolver. Se tivermos mais dessa série, mas com outra premissa, sem dúvidas vamos adorar!!