Lançado no início do mês, Batalhas é uma produção Norueguesa em parceria com a Netflix. O filme possui um enredo bem similar com o que já estamos acostumados quando o assunto se trata de filmes de dança. Mas isso não significa que o filme seja inferior aos outros já lançados. Este tem sua peculiaridade um tanto que especial que vale muito apena ser conferido.
Amelie é uma jovem que tinha uma vida confortável, frequenta a melhor escola e espera ser a melhor bailarina da academia de dança. Depois que seu pai vai a falência, por ordem da justiça os dois precisam deixar a casa imediatamente. Neste momento, a jovem se depara com uma realidade bem diferente daquela que estava acostuma. Contudo, isso não se torna um empecilho para que a mesma continue lutando pelo seu desejo de ser a bailarina escolhida para uma bolsa na Holanda.
O filme possui suas falhas e clichês como qualquer outro de romance. Porém, nesse encontramos uma protagonista um tanto quanto diferente, afinal temos uma menina rica que vai parar no subúrbio e não sabe como lidar com a pobreza. Amelie, mesmo com as suas mentiras, não tem medo nem nojo de se arriscar, quer continuar e treinando. Sendo assim, não se incomoda de ir para em um estúdio de dança comunitário com pessoas que nunca viu na vida. Uma jovem determina a ponto de mesmo na falência, nada impede que ela pare de viver.
Ponto fraco
O que talvez seja o ponto fraco da personagem, interpretada por Lisa Teige a eterna Eva de Skam, são as mentiras e a vida dupla que ela acaba levando. Contudo, o telespectador logo consegue entender que as mentiras não foram de maldade. Como qualquer jovem ela está com medo de ser julgada e por um tempo acaba sendo influenciada por essa ideia.
Do outro lado temos o maravilhoso Mikael, o charmoso dançarino de Hip-Hop que se apaixona perdidamente por Amélia. Interpretado pelo ator noruegues Fabian Svegaard Tapia, ele possui todos os encantos e simpatias para fazer qualquer uma se apaixonar. O legal do personagem é que mesmo disposto a ficar com Amélia, não perde sua origem e faz de tudo para mostrar o lado bom da vida na simplicidade.
Sobre o casal, existe sim uma química entre os dois, principalmente quando estão dançando juntos. Essa sintonia fica mais nítida ainda quando temos cenas de Amelie com o outro namorado. Nem de longe ela olha para ele como olha para Mikael, e isso torna o relacionamento dos dois ainda mais real. Um envolvimento que talvez não vemos em todos os filmes com casais.
Nem tudo é bom por completo
Batalhas tem o foco no romance da protagonista, mas o que incomoda é o fato da história ser rasa. Talvez se tivessem aprofundado mais em algumas outras situações, teríamos uma história com mais significados, principalmente de outros personagens. Um exemplo é a amiga fofa de Amelie, Ida. Ela estava lá ao lado da jovem, porém sempre deduzíamos que fosse uma, sem personalidade, mas no final ela que se mostra realmente amiga. Ela merecia um destaque.
Além disso, temos uma trilha sonora bem diversificada, com musicas em inglês e norueguesas, que por sinal são ótimas. A principal é Yomi – Unnskyld, música do casal principal. A letra é bem simples, mas se encaixa perfeitamente nas cenas. Isso deixa ainda mais uma relação pessoal entre os personagens e uma pontinha de esperança que tudo pode ser real.
Batalhas é um romance que já vimos em diversos filmes de dança, mas que tem um Q especial. Um exemplo é pelo fato dos atores serem dançarinos profissionais. Ou seja, já existe uma conexão com a música, mesmo algumas coregrafias sendo bizarras, eles transmitem a sensação de estarem fazendo o que mais gostam. Batalhas também não é apenas um filme sobre “batalhas” de bandas e danças. É a batalha sobre quem realmente Amelie quer ser e quem ela realmente é. Uma batalha do nosso interior.