Será que terror só se define em Jason ou Freddy Krueger?
O diretor e roteirista Robert Eggers pode responder perfeitamente essa pergunta, já que teve um dos filmes mais polêmicos e perturbadores dos últimos tempos. “A Bruxa” conta a história de uma família que é expulsa de uma comunidade religiosa por heresia, ou seja, por ter uma fé diferente do padrão daquela comunidade, e que se muda para um terreno isolado, perto de uma floresta. Depois que o último membro da família, um bebê recém-nascido, desaparece misteriosamente, todos começam a enfrentar os seus piores medos.
O filme não é como os clássicos de terror, que dão sustos o tempo todo. Ele traz um certo desconforto, tanto na fotografia quanto na trilha sonora, e perturba o consciente do telespectador, principalmente com o roteiro recheado de misticismo e conceitos religiosos obsessivos.
Além disso, o longa explora o medo de cada membro da família, desde a expulsão da sua vida cotidiana, até os eventos sinistros que acreditam vir de uma bruxa que vive na floresta.
Em vez de assustar, o diretor quer hipnotizar e retratar como um fato do século 17 ainda é presente na sociedade através do fanatismo religioso, que não ocorre somente através das palavras, mas também das atitudes. Por um lado, esta família de moral rígida acredita nas forças malignas que vivem na floresta, por outro lado, carrega em si a culpa típica da moral cristã: se a colheita de milho não dá certo, julgam-se punidos por algum pecado, se alguém desaparece, acreditam em um castigo divino.
Podemos concluir que “A bruxa” trouxe uma nova fórmula para o gênero, o uso de cores sem vida, a personalidade marcante de cada personagem, o clima claustrofóbico e o uso de elementos “bizarros” que deixam qualquer um com medo de entrar em uma floresta.