Sendo um filme de M. Night Shyamalan, “Batem à Porta” veio para cativar e prender toda a atenção dos fãs do diretor. Baseado no livro O” Chalé do Fim do Mundo”, de Paul Tremblay, nos leva até uma cabana afastada. Enquanto que seguimos uma família vivenciando o pior final de semana de suas vidas. Mas, será que é realmente bom? Vamos descobrir agora:
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O diretor na sua essência:
É nítido que em “Batem à Porta” transmite todas as características que marcaram a carreira do diretor. Desde o início, ele cria a atmosfera de estranheza e tensão da história. Ao enfocar a conversa entre a pequena Wen e o grandalhão Leonard, os primeiríssimos planos transmitem uma forte sensação de intimidade. Mas, vai se transformando em algo esquisito. Na cabana, o cineasta explora ângulos estranhos e a disposição dos atores dentro do quadro para aumentar o suspense. Um plano muito eficaz é o que coloca a cabeça desfocada de Bautista posicionando-se entre o casal principal, sentados e amarrados.
Shyamalan também se diverte brincando com elementos tradicionais dos thrillers. A cabana isolada é um clichê do terror, bem como o próprio formato do subgênero de invasão doméstica. O trabalho sonoro também merece destaque. Pois temos sons da natureza criando tensão, ruídos para sugerir atos violentos que a câmera não mostra e uma trilha sonora eficaz composta por Herdís Stefánsdóttir.
Atuações Boas, mas roteiro complicado:
Com toda a certeza, os atores estão muito bem, com destaque para Dave Bautista, que realmente vem se revelando um bom ator nos últimos anos. O desempenho dele aqui carrega o filme em diversos momentos, e ele dota Leonard de nuances que o tornam uma figura ao mesmo tempo ameaçadora, gentil e curiosa. Sendo que os demais atores transmitem todo medo e angústia em cada cena. Porém, “Batem à Porta” cansa ao usar a repetição da desgraça como forma de criar tensão.
Ao invés de urgência, as constantes pausas e os flashbacks que conectam os eventos da isolada cabana ao restante do mundo criam um sentimento de monotonia e testam a paciência do espectador – a quem, no final, resta apenas esperar o desfecho para se certificar de que os personagens também sucumbirão a esse teste. Além do tédio, passa a sensação de que Shyamalan não confia mais na inteligência de seu próprio público. Não são poucas as vezes em que o cineasta desperdiça minutos seguidos com exposições verborrágicas, mastigando cada detalhe de acontecimentos que deveriam ser, segundo o roteiro, inexplicáveis, abrindo mão do exercício interpretativo que integra seus melhores trabalhos.
Conclusão:
No fim das contas, “Batem à Porta” é uma promessa vazia de “retorno à boa forma” de Shyamalan. Longe de ser o melhor ou o pior filme do cineasta, é um dos poucos títulos do cineasta marcado pela monotonia da austeridade. É uma noção perigosa que diminui bastante o filme, e ele até funciona bem como suspense, principalmente no início. No entanto, esse sermão deixa uma sensação estranha, a de uma obra que até se pode admirar em alguns aspectos, mas que é bastante questionável em outros.