Não é difícil se encantar por essa produção, logo no trailer você fica ansiosíssima para assistir. Te garanto, são as duas horas de puro gelo e muito amor. Então senta ai e venha conferir o que achei de Cidade de Gelo, o conto de fadas russo produzido pela Netflix.
O século XX está chegando e as ruas de São Petersburgo estão congelantes durante o inverno. É nesse cenário de muita neve que vamos conhecer dois jovens de classes totalmente opostas que se apaixonam e vão enfrentar a todos para ficarem juntos.
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As histórias se cruzam e o conto de fadas acontecem.
Alice é filha de um oficial de alto escalão da aristocracia e seu sonho é conseguir entrar para faculdade de ciências. Entretanto, como sua família ainda é muito conservadora, está totalmente fora de questão a ideia de estudar. A jovem se sente prisioneira em sua casa e tudo que faz é as escondidas, mas tudo muda quando o jovem Matvey sobe em sua sacada pregar uma brincadeira.
Matvey é um jovem pobre que acaba de ser demitido do seu trabalho de entregador. O jovem vive com o pai, um acendedor de lamparinas das ruas de São Petersburgo, que está muito doente e não tem dinheiro para pagar o tratamento. Quando tudo parecia desmoronar, Matvey conhece o jovem enigmático Alex, que o convida para entrar na gangue de batedores de carteira.
Quando os dois personagens se encontram pela primeira vez a história muda e você consegue perceber a química entre os dois. Você fica esperando ansiosamente para eles se cruzarem novamente.
2 horas de pura emoção e paixão
Como disse lá no início, são mais de 2 horas de filme e acredite: não é maçante. O roteiro é muito bem escrito, com todas as nuances que uma boa história precisa ter para prender o telespectador. Então parabéns Roman Kantor, ficou muito bom o seu roteiro.
O filme começa apresentando um pouco dos personagens e da cidade de gelo que é São Petersburgo. Ao longo do desenvolvimento da história, você se vê envolvido na gangue dos batedores de carteira com tamanha emoção que é vida deles. Também se vê aflito pela necessidade que Marvey vive, ou pela angustia que Alice vive de não conseguir seguir seus sonhos.
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Protagonistas que se completam
Por mais que seja um filme de época é muito interessante ver uma personagem tão a frente do seu tempo como Alice. Ela é destemida, mas não é aquela típica rebelde e revoltada. Ela é apenas a jovem que segue seu coração tentando ao máximo não machucar os outros. Podemos até dizer que é uma ótima lição que não precisamos magoar ninguém para conseguirmos o que queremos.
Alice também é uma personagem muito mente aberta a conhecer o lado pobre da cidade e até mesmo tentar compreender o que motiva a gangue de batedores a querer furtar os burgueses. Sendo assim, ela começa a estudar sobre o assunto. Ou seja, Alice é uma personagem que não é tão cheia de vida, rebelde, mas ela é uma revolucionária extremamente inteligente e determinada.
Obviamente o par romântico dela tinha que ser alguém com falhas no caráter e até mesmo muito mais espirituoso que ela. E é assim mesmo que Matvey é. Ele é um jovem que é capaz de tudo para conseguir a cura pro pai, então ele se corrompe quando aceita entrar para gangue. Além disse, ele vive um conflito com quando o pai descobre e acaba magoando os sentimentos do velho.
É interessante analisar o desenvolvimento de Matvey porque mesmo cheio de problemas, controversas, ele é leal as pessoas que o ajudam. Ele tem uma evolução bem sutil, pois no fundo ele não é ruim, apenas é influenciado pelo meio em que vive. Na verdade, pelo meio que o oprime. Então quando ele encontra Alice sua mudança é imediata e ele começa a se perguntar o que realmente é importante para ele. E ele muda obviamente.
Mas o que realmente esperar de Cidade de Gelo?
As histórias se cruzam não só por uma questão de contos de fadas, em que o rapaz pobre se apaixona pela jovem rica. É muito mais pelos questionamentos da burguesia e seu poder sobre os mais pobres. O filme se passa na virada para o século XX, mas especificamente 1900 contudo, muitas das coisas que são apontadas no filme servem ainda para hoje. Na verdade, você até esquece que é um filme de época.
Uma frase muito impactante que Alex usa para justificar a existência da gangue é que: A minoria que está muito rica e oprimindo a maioria que está em seu estado lamentável de pobreza. Pense, isso não é um cenário só da época, mas sim da atualidade também. O personagem Alex na verdade ele é uma figura muito filosófica e até indica o livro O Capital, de Karl Marx, para Alice entender melhor a economia e a política. Fica a dica também para você!
Sem mais delongas, se não começo a contar o filme todo, Cidade do Gelo é muito mais que um conto de fadas. É uma produção que faz uma bela critica a alta sociedade e o seu poder, além de narrar como uma mulher inteligente pode incomodar muitos homens importantes que não querem se sentir inferiores a elas.
Se você tiver em casa, no friozinho, vale um chocolate quente, cobertor e uma viagem pela Cidade de Gelo.