Lançado pela Editora Seguinte, vamos conhecer mais de Verão de lenço vermelho, o romance que foi banido na Rússia. Aliás, escrito por um duo de autoras ucranianas-russas, emergiu como um dos livros mais vendidos de 2022 na Rússia. Mas, antes disso, vamos falar sobre Verão de lenço vermelho:
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Sinopse:
Vinte anos depois de ter passado seu último verão no acampamento Andorinha, Iura decide voltar. Os tempos são outros: já não existe União Soviética, o muro de Berlim caiu, sua vida seguiu adiante. Então não é nenhuma surpresa que, ao chegar lá, ele só encontre ruínas. Ruínas repletas de memórias. Memórias daquele verão usando lenço vermelho no pescoço.
O verão em que participou do clube de teatro — e até acabou gostando. Em que inventou histórias de terror para divertir as crianças mais novas. Em que passeou de barco e deitou sob a sombra do salgueiro. O verão em que conheceu Volódia, um rapaz certinho, educado e muito inteligente. O verão em que viveu seu primeiro amor. Talvez, enterrada ali em algum lugar, exista alguma pista que o leve até Volódia. Afinal, algumas pessoas marcam nossa vida para sempre — e, mesmo décadas depois, ainda vale a pena lutar por elas.
Qual é a polêmica de Verão de lenço vermelho?
De fato, Verão de lenço vermelho foi escrito por um duo de autoras ucranianas-russas, emergiu como um dos livros mais vendidos de 2022 na Rússia. Alcançando a primeira posição nas listas de best-sellers por várias semanas. Publicado por uma editora independente, o livro de Katerina Silvánova e Elena Malíssova rapidamente se tornou uma sensação entre os jovens leitores russos. Especialmente impulsionado pelo TikTok, onde se transformou em um verdadeiro fenômeno.
No entanto, o sucesso do livro também trouxe consigo uma onda de ódio. Em maio de 2022, ativistas e políticos anti-LGBTQIAP+ lançaram uma campanha para banir o livro. As críticas giravam em torno da ideia de que a obra “desfigurava a ideia do que era a União Soviética”, “promovia valores ocidentais” e continha “propaganda LGBT”. As ameaças e a pressão crescente forçaram as autoras a deixar o país, buscando segurança diante das ameaças de morte. Mesmo assim, em agosto de 2022, foi anunciada uma sequência para o livro.
E houve uma sequência:
O anúncio da sequência intensificou ainda mais o descontentamento da extrema direita russa, resultando em novas ameaças às autoras e à editora. O Parlamento Russo começou a elaborar uma legislação mais rigorosa, visando criminalizar qualquer demonstração de homossexualidade em mídias, incluindo livros e filmes, inclusive entre o público adulto. Em outubro de 2022, desafiando o clima já hostil, a continuação de Verão de lenço vermelho foi publicada.
Em 5 de dezembro de 2022, a lei foi aprovada, banindo toda a literatura queer e qualquer menção a temas LGBTQIAP+ nas obras veiculadas no país. Esta legislação representou um golpe duro para a liberdade de expressão e os direitos LGBTQIAP+ na Rússia, silenciando vozes e histórias plurais.
Assim, a obra tornou-se símbolo de resistência e coragem. As autoras, mesmo exiladas, continuam a inspirar leitores ao redor do mundo com essa história de amor. A batalha contra a censura e pela aceitação continua, e a jornada dessa obra é um testemunho do poder da literatura em desafiar normas e abrir caminhos para um futuro mais inclusivo.
O próximo lançamento da Editora Seguinte:
No dia 23 de julho, essa obra polêmica com muita relevância estará disponível aqui no Brasil para entendermos e conhecercemos mais sobre o enredo. Ainda mais que contamos com tradução do russo de Yuri Martins de Oliveira.Como o New York Times definiu, “a relação entre Iura e Volódia, que floresceu mesmo em circunstâncias adversas, é descrita com ternura. No fundo, é uma clássica história sobre o poder do amor jovem em triunfar, mesmo que contra todas as probabilidades”.