Tron: Ares – Se a Inteligencia Artificial fosse uma pessoa

Após 15 anos do lançamento de “Tron: O Legado”, Tron: Ares chega com uma nova roupagem do filme de 1982, que originou toda essa trilogia. Em tempos atuais, em que assuntos como Inteligência Artificial e grandes tecnologias estão em alta, o diretor Joachim Rønning traz uma nova abordagem para o clássico de 80.
Nos dois primeiros filmes da franquia, o telespectador entrava no mundo virtual. Dessa vez, é o virtual que invade a nossa realidade. Imagina se a Inteligência Artificial ganhasse vida? É basicamente a premissa do filme.
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“O Pinóquio quer virar um menino de verdade”
Ares, nosso protagonista, foi desenvolvido pelo lado mal da história para ser descartável, mas ao longo do filme, é feito a jornada do herói, que o faz questionar se ele quer mesmo ser descartado. Olha aí a Inteligência Artificial querendo virar uma pessoa.
Inclusive, o embate entre o bem contra o mal fica bem explícito, principalmente pela fotografia, que traz o vermelho vivo para a vilania, enquanto o azul é mostrado pelo lado dos mocinhos. É aquele clichê: o vilão quer usar a inteligência artificial para o meio militar, enquanto a mocinha, quer fazer do mundo um lugar melhor.
“Eles estão vindo para cá”
Quando o filme foi anunciado, me questionei se fazia sentido lançar 15 anos depois do segundo. Mas agora entendi. Em 2010, a tecnologia ainda não permitia fazer um filme da magnitude que é Tron: Ares. Você compra a ideia do filme, fica imerso naquele universo e tudo fica mais empolgante. Não sei dizer em números quanto o filme investiu em CGI, mas com certeza foi um grande investimento. O filme todo é feito na base de efeitos especiais. Com certeza, ampliou demais o nível do jogo.
Mas o clássico não é deixado de fora. Tem um momento no filme que somos levados para o clássico de 82, até a fotografia muda. É bacana fazer essa viagem no tempo e perceber como tudo evoluiu, mas ainda tem aquele gostinho de nostalgia. Para os fãs da saga e do jogo, Tron: Ares traz várias referências desse universo, o famoso fanservice.

Trilha sonora
Destaque para as músicas que embarcam essa aventura. A trilha sonora é uma mistura de eletrônica e clássicos da década de 80, e encaixa perfeitamente em cada momento do filme, além de ajudar mais ainda na empolgação das cenas de ação. Preciso achar urgentemente a playlist oficial.
Elenco
O que dizer do elenco? Jared Leto tem uma atuação ok, sem muitas expressões ou emoções, mas se você lembrar que ele interpreta uma inteligência artificial, podemos passar um pano.
Agora o auge é Evan Peters, que dá vida ao grande vilão da trama. Esse sabe fazer maluco e psicopata. Um vilão que não mete esforços e nem pensa em consequências para conseguir o que quer. Ele domina toda cena que ele aparece.
Greta Lee, que ficou conhecida por Vidas Passadas, também integra o elenco. Ela não é aquela mocinha sem graça dos filmes clichês. A personagem tem personalidade e objetivos, e até consegue trazer um alívio cômico.
E sem surpresas, Jeff Bridges retorna para reprisar o seu papel, que deu origem à toda essa saga. Ele é o único ator presente nos três filmes.
Considerações finais
O filme é uma grata surpresa. Pelas críticas negativas do segundo, você chega na sala de cinema sem expectativa, até que é surpreendido por um filme bom, cheio de ação, que te empolga, com CGI que brilha os olhos, um leve toque de comédia e uma reflexão sobre a nossa realidade. O filme tem sim algumas falhas, um pouco de falta de desenvolvimento no enredo, mas nada que atrapalhe o entendimento da trama.
Agora fica o questionamento: até onde podemos ir com a inteligência artificial? Será que o medo da IA se transformar em um ser pensante com sentimentos e resolver se vingar de toda a raça humana pode virar realidade? Brincadeira. Mas qual o limite que podemos abusar dessa tecnologia? Será que existe algum? O filme é ficção científica, eu sei. Mas te faz questionar até onde vai o controle desse novo mundo tecnológico.




