Olá, pessoal! Preparados para mais terror por aqui?
Hoje trago para vocês três selecionados horripilantes monstros do Stephen King em três diferentes livros do autor. O que eles têm em comum? Um comum pé no mundo místico, perambulam nosso imaginário e deixam nossa mente cheia de terror.
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Wendigo, criatura mística que aterroriza O Cemitério de animais (pet semetary)
Apesar de não ser um monstro criado pelo tio King, o Wendigo é o responsável por permear com magia as terras do pequeno cemitério de animais! Essa criatura mística pertence ao folclore algonquiano dos nativos americanos do nordeste da America do Norte. Apesar de algumas versões do folclore disseminadas pelo mundo contarem que um Wendigo é uma pessoa que passou muita fome no inverno, a sua maioria é unanime quando conta que esse ser é um espírito maligno que se apossa de um humano (e por isso a fera tem traços humanos) pois seria aquela pessoa faminta de fome, ou desejo, ou egoísmo, ou poder e afins. Ele é retratado como a consequência de uma fome, por assim dizer fome de alimento, ou fome de necessidades do espírito corrompido. O Wendigo no livro do King vem das origens desses descendentes que outrora habitavam a região, é possível pescar estas informações nos diálogos sobre a região e a história do local. Faz bastante sentido que esta figura mística seja a responsável pelas “ressureições” no cemitério, uma vez que a alma retorna corrompida e há uma intensa fome de vingança no corpo que levantou do túmulo. Todo esse contexto perpetua que o poder deste monstro antigo deixou sua marca de magia no cemitério Micmac.
[…] E de repente ali estava aquele som. Também já o ouvira da primeira vez: um riso alto, gorgolejante, que ia se transformando num soluço. Houve silêncio. Depois o riso voltou, agora na forma de um guincho enlouquecido, que fez o sangue de Louis se congelar nas veias. – pág 374
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O Vampiro Lord Barlow de Jerusalem’s Lot contado no livro ‘Salem’ ou ‘A hora do vampiro’
Apesar dos títulos diferentes estamos falando da mesma história, é que esse livro primeiramente foi lançado como ‘A Hora do Vampiro’ e posteriormente redistribuído sob o nome de ‘Salem’.
Eu poderia já generalizar contando que a criatura aterrorizante aqui é o vampiro, mas dai ela não seria horripilante, né verdade? Primeiro porque estamos acostumados com Vampiros e segundo porque são frequentemente romantizados. Então, deixem-me falar sobre Lord Barlow. Este vampiro é com certeza uma espécie evoluída de vampiros antigos que não fica explicado nesta obra do King, mas quem leu outros materiais teve referências do poder dele. Barlow é o símbolo de uma epidemia que tomará conta de Salem pouco a pouco. Primeiramente o Lord habita a cada Marsten (famosa casa marsten) que pertencia a um psicopata que posteriormente casou-se e viveu “feliz” na casa até que assassinou a sua esposa e depois se matou, transformando a casa em uma marca de terror na cidade. Durante a história o poder e a maneira que Barlow vem infectando algumas pessoas te deixa com medo de sair na rua a noite, sem saber o que te espera nas sombras. E não há alivio para crianças, jovens ou idosos o vampiro aparece com sua marca aristocrática e aterrorizante hipnotizando suas vítimas e trazendo aquele ar de ‘não escapatória’ que com certeza te deixa com medo.
E se você acha que isso não é suficiente, vale ressaltar que King se inspirou em Drácula de Stoker para criar o Barlow e essa atmosfera sangrenta e aristocrática que envolvem o Lord. A maneira que Barlow controla os eventos, e vai alastrando o seu poder noite a noite só não consegue ser mais aterrorizante quando ele se mostra enorme e poderoso frente a um Padre e quebra as travas que as culturas impõem como os vampiros tendo. Ele vai além do que sua prole e você não poderá se esconder dentro de casa.
[…] CAROS E JOVENS AMIGOS,
Quanta gentileza vierem me visitar! Sempre gostei de companhia. Tem sido uma das minhas maiores alegrias numa vida longa e muitas vezes solitária. Se tivessem vindo à noite, eu os teria recebido em pessoa, com o maior prazer. No entanto, como imaginei que chegariam durante o dia, achei melhor me ausentar. Mas deixei um pequeno sinal de meu afeto. Uma pessoa muito íntima e querida de vocês está no lugar onde eu mesmo passei meus dias até me transferir para aposentos mais convenientes. Ela é adorável, Sr. Mears. – Muito saborosa, se me permite um pequeno bon mot. Não tenho mais necessidade dela, e, portanto, a deixei como aquecimento para a prova principal. Para abrir o apetite, digamos. Vejamos que tal lhes parece a entrada para o prato principal a que tanto almejam.
BARLOW – pág 362 – Salem
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Doppelganger aquele que toma o lugar de outras pessoas no livro de The Outsider
Doppelganger é uma palavra alemã que significa; duplo, mas não estamos falando de gêmeos, um duplo é justamente uma pessoa idêntica a você que não nasceu na sua família e que anda por aí praticando coisas cruéis e ruins, como um você ruim. Se você não é o assino, ele é, entendeu? A ideia do duplo é essa personalidade separada, sabe como os anjos e os demônios… lados opostos de uma moeda com diferentes funções, mas com a mesma face e corpo. E em sua maioria, ao menos no folclore Alemão, de onde se origina esse monstro, o Doppel anda próximo a aquele que copiou e age de maneiras negativas utilizando-se da vida do copiado. A primeira vez que um duplo apareceu foi no romance Siebankas de Jean Paul, quando um homem é convencido por sua copia maligna a forjar o próprio assassinato em prol de fugir de um casamento indesejado.
A cultura pop está cheia de duplos do mal, os filmes e livros de terror são quem mais utilizam este monstro folclórico, já que a natureza ruim do duplo abre espaço para cenas cruéis e sangrentas. Como é o caso de The Outsider e o duplo que vem transformando-se em personagens do livro para cometer, e cometendo, atos monstruosos. O interessante do livro também é que esse duplo é explorado pela temática mexicana, quando chamado de El Cuco e ganha características do que conhecemos aqui como o bicho-papão, o devorador de criancinhas. O que faz todo sentido na história criando pelo King, uma vez que o start desses acontecimentos parte do violento assassinato do garoto Frank Peterson.
[…] Mas já houve muitos casos na vida real. Centenas, ao que parece, inclusive no Lusitania. Havia uma passageira chamada Rachel Withers, na primeira classe, e varias pessoas viram outra mulher idêntica a ela, a ponto de ter a mesma mecha branca no cabelo, durante a viagem. Alguns disseram que a sósia estava viajando no convés inferior. Outros disseram que era da tripulação.
– pág 398
Em breve trago mais monstros do nosso tiozão do terror.