Com uma história delicada que aborda sobre a vida e a morte, vamos falar mais da graffic novel “Fantasmas”, de Raina Telgemeier. Aliás, a obra, lançada pela Editora Intrínseca, aborda com delicadeza a convivência com a fibrose cística e um pouco da cultura mexicana tradicional. Por isso, veja mais sobre “Fantasmas”, de Raina Telgemeier:
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Um breve contexto:
Acompanhamos a história de Catrina e Maya, duas irmãs que acabam de se mudar para uma cidade no litoral da Califórnia com forte presença da cultura mexicana. Lá, elas descobrem que a cidade e os novos amigos têm uma relação com os antepassados mortos. Na Bahia de La Luna, os fantasmas se relacionam com os moradores e, se você se acostumar, podem ser tão amigos quanto os vivos.
Uma história sobre irmãs:
Na verdade, toda a trama fantasmagórica é coadjuvante da força motriz da história: a relação complexa entre as irmãs. Maya, a mais nova, demanda maior atenção dos pais já que sofre de fibrose cística, uma doença que requer intensos cuidados e uma atenção constante. Enquanto que Catrina, a mais velha, esconde um ressentimento com essa situação, apesar de também manter uma relação de proteção com a caçula.
Com uma arte super bonita, o enredo traz um desafio de falar sobre um tema tão complexo quanto a morte para um público mais infantil. Mas, Raina Telgemeier conseguiu fazer isso de forma muito leve. Por exemplo, Cat não tinha medo dos fantasmas em si, e sim da partida iminente da irmã mais nova. A magia, então, está no recado transmitido, que a morte não precisa ser o fim da linha.
Vale lembrar que Maya, tem o desejo de conversar com fantasmas para saber como é que passamos nossos dias após a morte. Ela sabe que não terá muitos dias de vida e quer muito saber como será “o depois”. Isso não só traz mais reflexões, como também nos permite a entender mais sobre perspectivas.
Olhando o Día de los Muertos:
No começo, Cat até tenta evitar qualquer coisa que minimamente diferente, porém a tarefa se torna praticamente impossível porque os moradores da Bahía de la Luna respiram fantasmas, por assim dizer. O local tem uma tradição mexicana bem forte, tanto que a cidade inteira celebra o Día de los Muertos, data em que os fantasmas visitam seus entes queridos, então há uma grande festa com música, diversão e comida gostosa.
Essa característca chama atenção do público, no entando, há alguns problemas e equívocos na abordagem a tradição cultural do México, como a descrição da data como “Halloween mexicano” e as referências descontextualizadas às missões colonizadoras dos espanhóis. Contudo, não estraga a experiência literária por completo, só ficar atento com as informações.Afinal, os elementos principais fizeram de Telgemeier uma autora tão aclamada, como a narrativa dinâmica e a boa construção das personagens.
Mas, vale a pena ler “Fantasmas”?
Apesar dos defeitos, “Fantasmas” é uma obra que prende o leitor do começo ao fim, e esse é um dos motivos para que a obra entrasse no topo da lista de mais vendidos do New York Times. Ainda mais, ganhando um Eisner Awards, a maior premiação do universo dos quadrinhos. Não é atoa que essa história delicada, espirituosa e muito divertida pode conquistar crianças e adultos.