“Nada de errado por aqui, certo?”
Quem não ama um São Bernardo? Aquele cachorro e babão mais conhecido também como Beethoven. Aqui em Cujo ele também é o nosso protagonista, porém nada fofo e o tipo de bicho que queremos longe do nosso caminho.
Cujo é um doce cachorro São Bernardo que é picado por um morcego e fica com a doença da raiva. A partir de então ele espalha o terror em uma pequena cidade nos arredores de Maine, e faz reféns uma mulher e seu filho, aprisionados dentro de um carro quebrado, sob um calor escaldante, durante horas intermináveis.
Nas primeiras partes do livro conhecemos os personagens, King consegue logo de cara um boa apresentação e aprofundar os dramas individuais logo no início para depois só focar no essencial da história. Ou seja, no que é realmente importe, o cachorro sendo louco. No geral, temos duas família cheias de problemas pessoais e no casamento, que no meio da situação lastimável e triste passam a olhar as coisas com um outro olhar.
Tragédia. Cujo pode muito bem ser definido com uma única palavra, tragédia. O livro é todo desgraça que faz o leitor nem saber para quem ele está torcendo. Eu, modéstia parte, estava com meu coração na mão pelo Cujo, mas também com o coração na mão pela criança. Porém, como estamos falando de uma história escrita por Stephen King, fica claro que você não terá finais felizes. Pelo contrário.
Quem está acostumado, ou já leu alguma coisa dele, sabe o quanto ele gosta de minuciar cada detalhe da cena e mais adianta jogar na cara do leitor um “Eu falei sobre isso e você não notou.” E em Cujo não fica muito diferente. Ele narra com tanta angustia o sofrimento do cachorro, a dor que ele está sentindo por conta da ferida no focinho, parecendo que ele era o cachorro, que estava sentido. E isso é transmitido para leitor. Fora o cachorro, também tem os sentimentos, a raiva e a ira da mãe protegendo o filho do São Bernardo louco.
“Não seria injusto ressaltar que Cujo sempre tentou ser um bom cachorro. Tentou fazer todas as coisas que o homem, a mulher e, acima de tudo, o menino pediam ou esperavam que fizesse”
Este é um livro que deixa o leitor angustiado e nervoso a cada página que vira. No começo, a leitura até incomoda um pouco pois não existe divisão de capítulos. Quase uma redação de 300 páginas, que o autor fez para dar uma sensação de leitura corrida, como os acontecimentos realmente acontecem. Porém chega uma hora que o leitor fica tão envolvido no drama que não repara nesse detalhe que lhe cansou no início e começamos a entender e dar razão para aquele formato.
Uma curiosidade sobre o livro é que King teve a ideia de escrever Cujo com uma situação um pouco semelhante com a da personagem envolvida. Ele foi até uma oficina e lá tinha um São Bernardo gigante, babão, mas esse não era nada manso. Logo, a mente criativa desse ser humano chamado Stephen King começou a imaginar como seria ficar preso sozinho com um cachorro louco, mais especificamente com a doença da raiva. E foi assim que Cujo nasceu.
Cujo não é um livro de terror, não é como It ou O Cemitério. Não, Cujo acaba passando um sentimento de que é uma situação hipoteticamente possível de acontecer. O que torna a leitura ainda mais envolvente.