Se você busca uma série de época que tenha um pano de fundo um acontecimento histórico, você precisa conhecer a série O Leopardo da Netflix. A série é ambientada na Sicília da década de 1860 e resgata a luta entre a aristocracia decadente e as forças emergentes que moldaram a Itália moderna. Vale dizer que esta é uma releitura do clássico romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa.
Com uma fotografia exuberante, figurinos impecáveis e atuações marcantes, a produção é uma verdadeira imersão na história e nos dilemas de uma sociedade em transformação. Vem comigo saber mais!
A decadência de uma era
No centro da narrativa está Don Fabrizio Corbera, Príncipe de Salina, um homem que representa a nobreza siciliana do século XIX. Com a iminente unificação italiana, ele percebe que seu mundo está desmoronando e precisa tomar decisões estratégicas para garantir a continuidade de sua linhagem. Uma delas é apoiar o casamento de seu sobrinho Tancredi com a bela jovem Angelica, filha de um novo rico que está emergindo no meio dessa briga na aristocracia.
Porém, essa escolha coloca em risco os sentimentos de Concetta, sua filha mais velha e favorita, que é apaixonada pelo primo. O drama familiar se desenrola em meio às convulsões sociais e políticas da época, refletindo como as alianças matrimoniais eram usadas como ferramentas para manter o poder.
Unificação italiana e a nova ordem social
O pano de fundo histórico de O Leopardo é a unificação da Itália, um processo político e militar que, entre 1848 e 1870, consolidou vários reinos independentes em uma nação unificada. A Sicília, palco da série, era um dos territórios dominados pelos Bourbons e foi fortemente impactada pela chegada de Giuseppe Garibaldi e seus “Camisas Vermelhas”.
A série retrata com precisão como essa mudança política não foi uma revolução igualitária, mas sim uma substituição de elites. E essa é até uma das críticas de alguns dos personagens. Exemplo, os antigos nobres, como Don Fabrizio, foram forçados a se adaptar ou desaparecer, enquanto a burguesia enriquecida tomava seus lugares.
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O peso da tradição vs. a promessa do futuro
Em meio a esse choque de classes e transformações políticas, O Leopardo levanta questões profundas sobre mudança e resistência. Don Fabrizio é um homem que compreende que seu tempo está chegando ao fim, mas ainda assim se sente ligado às tradições. O próprio Tancredi é um personagem ambíguo, que navega entre os dois mundos e encarna a transição entre aristocracia e modernidade.
A série também aborda o papel das mulheres na sociedade da época. Enquanto Angelica é a personificação da ascensão social, não só dela, mas também do marido. Concetta é uma figura trágica, prisioneira das normas que limitam seu destino e aquela frágil protagonista que tem seu coração partido.
Considerações finais de O Leopardo
O Leopardo é aquela série que se você olhar o acontecimento histórico vai gostar. Entretanto, se começar a pensar muito diversos furos no roteiro começam a aparecer e simplesmente não dá.
Me irritou muito a Concetta saber como o primo dela era cafajeste, mas mesmo assim continuava desesperadamente apaixonada por ele. Aqui vai spoiler: ela optar a ficar sozinha só porque se sentia incapaz de amar outro. Péssimo.
Outro acontecimento que não me convenceu foi o sogro de Tancredi ter montado uma emboscada para o príncipe herdeiro e simplesmente acabar a série e ninguém descobrir. A série não segue 100% a verdade, por esta razão eu senti falta de uma reviravolta, uma justiça. Na verdade, o cara ainda cresceu na política com a ajuda do príncipe. Absurdo! Cheguei no último episódio muito indignada.
No geral, O Leopardo é uma série que agrada pela produção impecável. Com uma combinação de história, romance e intrigas políticas, a parte política chama muito mais atenção. Posso afirmar que o romance em si só estrega a série. Contudo, não posso negar que a história nos faz refletir sobre como as mudanças sociais e políticas afetam indivíduos e famílias.