O Brutalista, dirigido por Brady Corbet, é uma obra cinematográfica que se destaca por sua ambição artística e narrativa profunda. Aliás, o filme acompanha a trajetória de László Tóth, um arquiteto húngaro e judeu que, após sobreviver aos horrores do Holocausto, emigra para os Estados Unidos em busca de reconstruir sua vida e carreira. Portanto, vamos falar de O Brutalista:
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Um projeto ousado do início ao fim:
O cartão de visitas de O Brutalista é a grandiosidade. Desde a duração de aproximadamente 3h30, passando pelo luxuoso formato VistaVision em que é filmado, chegando à quantidade de temas que aborda, tudo no projeto se faz imenso. Uma escala que dá ao longa espaço o suficiente para seu drama histórico alcançar o nível de épico. Além disso, a produção têm um respiro e há um intervalo de 15 minutos entre a primeira e a segunda parte. Penso que não se trata de uma pausa no filme propriamente dita, já que alguns elementos são colocados em tela enquanto a trama não retorna. Mais adiante também, vale destacar, há um epílogo. É esse conjunto (mais a teatralidade, mais a alta carga dramática) que dá a ideia de um épico mesmo.
Corbet proporciona uma experiência visual grandiosa que remete aos épicos clássicos de Hollywood. A cinematografia de Lol Crawley captura com maestria a essência da época, enquanto a direção de arte e o design de produção recriam meticulosamente o ambiente do pós-guerra. A trilha sonora complementa a atmosfera do filme, intensificando as emoções e a imersão do público na história. Porém, com uma duração tão extensa, o filme exige comprometimento do espectador. No entanto, a extensão é justificada pela profundidade e complexidade da história.
A desconstrução do sonho americano:
A narrativa se desenrola a partir de 1947, explorando as dificuldades de László em se adaptar a uma nova cultura enquanto lida com as cicatrizes deixadas pela guerra. O filme aborda temas como imigração, antissemitismo e a incessante busca pela realização artística em meio às pressões do capitalismo americano. A relação de László com um influente industrial, interpretado por Guy Pearce, destaca a tensão entre a integridade artística e as demandas comerciais, refletindo sobre as concessões que muitas vezes são necessárias para alcançar o sucesso.
A produção não tem a menor pressa para estabelecer a nova realidade e os conflitos do protagonista, criando essa relação simbiótica em que se aprende mais sobre ele conforme ele aprende sobre o mundo que o cerca. Tal direcionamento aponta O Brutalista para o caminho tradicional das histórias sobre o “sonho americano”, sobre pessoas que encontram nos Estados Unidos uma terra de prosperidade. Uma fórmula que o filme desafia logo de cara, ao mostrar que a prática pode ser muito mais complexa do que a ingênua – ou simplista – noção de que força de vontade e trabalho duro são o suficiente para levar alguém ao sucesso.
Adrien Brody domina a tela:
O principal trunfo é o trabalho de Brody, que ganha ainda mais material para explorar seu personagem. O astro traduz na performance o turbilhão de sentimentos, ideias, vícios e virtudes que compõem esse ser humano complexo. Alguém tão firme em suas convicções, mas que se deixa levar pela busca cega de uma redenção que pode muito bem ser negada por um mundo hostil.
Com toda a certeza, é uma atuação magnética, que diz muito com gestos e trejeitos que o astro desenvolve calmamente ao longo da duração do longa. Na verdade, acaba o posicionando como um dos favoritos na corrida pelo prêmio de Melhor Ator. Algo que impressiona pela simplicidade com que ele traduz o fluxo entre emoções fortes e conflitantes. Especialmente, quando o longa mergulha de vez na escuridão ao escancarar de vez a podridão que habita suas frestas.
Vale a pena assistir O Brutalista?
Em resumo, O Brutalista é uma obra cinematográfica que combina narrativa poderosa, performances excepcionais e excelência técnica. Brady Corbet solidifica sua posição como um dos diretores mais talentosos de sua geração, entregando um filme que não apenas entretém, mas também provoca reflexões profundas sobre arte, identidade e os desafios do sonho americano.