Entrevista: Tiago Valente- Quando o aconchego e o mistério se unem

Trazendo o seu lançamento para a Bienal do Livro 2025 ,Tiago Valente fala mais sobre quando o aconchego e o mistério se unem. Afinal, essa é uma das definições de seu livro “Espresso Fantasma” que conquista com o seu charme único. Em um bate-papo exclusivo ao Manual Geek, Tiago Valente comenta mais de sua obra e sua jornada com a literatura:
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Primeiramente, gostaria que você contasse um pouco sobre a sua relação com os livros, no geral?
Nossa, muito da minha relação com os livros nasceu do fato dos meus pais terem uma livraria, então eu nasci rodeado de livros. Mas, o meu ponto de virada foi quando eu comecei a fazer amigos por conta de livros. E foi muito naquela época de “Crepúsculo”, John Green, em 2012. Então, eu vi o poder de ler uma história, de surtar com aquela história. E aí, a leitura nunca mais saiu da minha vida, virou meu trabalho e lancei o meu livro.
E quando você percebeu que queria contar a história de “Espresso Fantasma”? Como surgiu a ideia?
É meio esquisito, mas vai fazer sentido. Mas, veio de uma imagem que tinha na cabeça, há muito tempo, de um garoto segurando uma bandeja de biscoitos usando uma camisa xadrez vermelha. Eu não sei de onde veio isso, mas tá na minha cabeça há muitos anos. Mas, eu fui sentar para escrever uma história e contar sobre essa imagem. E cafeteria é meu lugar favorito da vida. Então, eu comecei a juntar e fazer com algo mais aconchegante e que tivesse investigação. Então, tem morte, investigação, mas também tem café e comidinhas.
E você sentiu algum receio, medo, etc antes de lançar?
Nossa, muito. Até hoje, eu fico com medo de ver as pessoas comprando e saber que elas vão ler, porque eu publiquei num contexto muito específico, que era publicar de já ter um público formado, geralmente os autores fazem voltados. Então, eu sabia que qualquer coisa que eu escrevesse algumas pessoas iam ler e poderiam ser uma quantidade razoável. E essa foi a minha maior preocupação ser o mais diverso possível, ter muito cuidado com o que eu fosse escrever para o jovem. Então, eu precisava de uma história que eles pudesse ler. Então, foram muitas preocupações, mas foi legal ver que minhas preocupações estavam certas. Hoje, eu vejo seguidores meus olhando a classificação indicativa, os leitores elogiando a representatividade no livro.
“Espresso Fantasma” mistura o cotidiano urbano com elementos de mistério. Como foi equilibrar esses dois mundos tão diferentes na narrativa?
Essa foi a parte mais legal, porque eu parte muito do pressuposto de escrever algo que eu conheço muito bem. Se tem algo que eu conheço muito bem são histórias de mistério e São Paulo. Eu nasci e cresci em São Paulo na mesma casa a minha vida inteira, a cidade tem questões, mas eu sou muito apaixonado pelo o que ela oferece e todas as coisas que já vivi nela. Eu tenho esses pensamentos intrusivos, ás vezes, de ficar imaginando em situações hipotéticas e ilusórias em lugares aleatórios. E tenho muito do pensamento “E se eu me jogar na frente de um ônibus, o que acontece?”. E com o mistério, eu tenho muito do “E se eu levantar e matar algúem? Como as pessoas vão reagir?” Aí eu fui explorar, mas não tão grotesco. É literalmente, eu to uma cafeteria muito aconchegante tendo uma noite incrível, mas o que aconteceria se tivesse uma morte? E aí a história se desenvolve.
Como foi construir personagens que carregam tanto peso emocional, mesmo dentro de um enredo fantástico?
Foi muito legar! Para mim, essa foi a parte mais desafiadora. Duas partes que foram desafiadoras: Construir um mistério e a solução, mas construir os personagens foi difícil, mas interessante. Eu sou uma pessoa muito visual, isso tem me ajudado muito e na vida, porque eu não conseguia escrever o livro, se não tivesse pastas no Pinterest para cada personagem, moodboard e imagens, sabe como é o quarto deles e o que eles vestem, precisei ter imagem até para ver como eles são. Obviamente me inspirei em várias pessoas que conheço, mas acho que fui mais para esse lado visual para construir a história deles.
Se a história ganhasse uma adaptação, quem você escolheria para dar vida aos personagens principais?
O Gustavo eu colocaria o meu namorado (o booktoker Z Mario), que é ator. Eu escrevi esse livro antes de começar a namorar com ele, mas muita gente diz que o vê no personagem. E o Renan, eu tô tão obscecado pelo Mason Thames (Como treinar o seu Dragão em live action) e eu acho que ele daria um bom Renan. Mas, acho que aqui no Brasil, o Filipe Bragança a seria bom.
O que você diria para as pessoas que sonham um dia publicar um livro?
Primeiro, eu acho que escrever. Eu conseguir chegar numa história com começo, meio e fim e foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na minha vida. Eu já tinha escrito muitas coisas antes, então, a gente se trava muito em achar a ideia perfeita, a ideia revolucionária ou tentar pegar alguma tendência de mercado e de livros famosos. Eu acho que ilimitar o que tá na sua cabeça e escrevendo e experimentando, é muito importante. Mas, acho que isso o que falei das tendências é para você ser muito verdadeiro consigo mesmo. Então, o livro é algo que toma muito tempo numa escala muito grande, então você vai passar muito tempo escrevendo e mostrando o livro para pessoas, ao mesmo tempo tentando uma publicação. Escreve uma história no qual você poderia falar sobre ela todos os dias, algo que seja realmente a sua verdade e da sua essência. A gente, obviamente, tem refêrencias e expressões e eu me inspirei em vários. Mas, encontrar a sua voz e a sua essência é muito importante.




