Em meio a um ambiente cheio falamos com o autor Pedro Rhuas sobre o seu novo lançamento e representatividade em suas histórias. Afinal, essa é uma das características que marcaram a carreira do escritor. Com exclusividade ao Manual Geek, Pedro Rhuas falou desde nova obra até autores nacionais que indica a todos:
Não perca também-Helô D´Angelo: Um bate-papo sobre a arte das webcomics
Como está se sentindo recebendo tanto carinho dos leitores apoiando seu trabalho e vendo seu livro no topo dos mais vendidos?
A Bienal é um momento que a gente mais espera do ano, porque onde a gente encontra o maior número de leitores e tem sido uma experiência mágica, incrível e caótica da mesma medida porque são muitos abraços, são muitas pessoas para a gente atender, muitas mensagens, muitas histórias que a gente escuta e é muito lindo. Tô me sentindo muito realizado, ainda mais com o livro novo, a gente fica nessa expectativa de “caramba, como é que vai ser?”, “como as pessoas vão reagir?” e a Bienal tem sido um termômetro preciso para a gente seguir em frente nessa aventura de uma nova publicação com muito mais orgulho e alegria.
Veja também- Bienal do Livro 2023: Mudanças através dos livros
Pode nos contar um pouco sobre “O Mar me levou a você”?
Claro, “O Mar me levou a você” é uma história que talvez me melhor me defina como escritor assim bem do início da minha carreira. É um romance de verão encantador, cheios de clichês que a gente raramente via em personagens nordestinos e LGBTQUIAP+ na ficção brasileira. O livro conta a história do Matias, filho de uma surfista famosa em um verão na praia de Canoa Quebrada, no Ceará, que se apaixona por um garoto misterioso com influências de viagens com quem sente uma conexão transcendental que parece ter vindo de outros tempos, talvez até de outras vidas. Será que nesse verão Julio e Matias ficarão juntos?
De onde você tirou a inspiração para trazer essa história às páginas de livro?
Todas as minhas inspirações surgem da vida real, surgem de fanfics pessoais que vou vivendo pelas minhas viagens. Quem nunca, né? Mas, “O Mar me levou a você” surgiu logo que voltei de um intercâmbio de quase dois anos, morando entre países como Portugal, Espanha e Marrocos, e tava acabando de voltar ao Brasil, fui revisitar Canoa Quebrada que é uma praia que eu amo, onde cresci e morei, e quando estava lá no mar, saindo e vendo toda aquela paisagem belíssima, pensei “caramba, preciso de uma história aqui que é um cenário perfeito”. Eu tinha acabado de trabalhar em um acampamento de Yoga e surf, em hostels onde fazia trabalho voluntário, e tive a ideia de um livro cuja parte da ambientação fossem em um hostel em Canoa Quebrada.
Você sempre busca trazer representatividade em suas obras e isso atraí um sentimento único de reciprocidade. Como é ver essa sensação de conexão com os fãs e os leitores?
Essa representatividade que faz parte da nossa essência, porque eu sou uma pessoa LGBTQUIAP+, sou um homem gay escrevendo e parte do motivo no qual eu escrevo é não ter me visto representado no passado, se tornou a minha missão pessoal escrever para, não apenas para outros jovens, até para o Pedro do passado. Eu imagino que a minha literatura do passado se conecte com esse Pedro e as conexões com os leitores venham para proporcionarem a eles lugares seguros, espaços onde eles se sintam vistos.
A literatura consegue ser espaço seguro, então, a gente recebe muitas mensagens como aqui na Bienal de leitores que falam que assumiram para os pais depois que leu o livro ou passou se aceitar a melhor depois de ter lido o livro. O nosso trabalho como escritores com protagonistas LGTQUIAP+ foram além da representatividade, mas coloca na posição de protagonismo, tem um papel de agente de mudança social, proporcionando essa sensação de que pessoas LGTQUIAP+ podem ler um livro e dizer “nossa, eu existo aqui também entre essas páginas. Eu existo na literatura e na vida real”.
Qual foi o livro que te fez virar autor?
Olha, eu comecei a me apaixonar pela literatura com “As Crônicas de Nárnia”, mas tem um livro do David Levithan que é “Garoto encontra Garoto”, quando eu li foi uma das primeiras vezes que eu vi dois garotos se amando em uma história. E aquilo me fez pensar “Poxa, eu também poderia escrever sobre isso que é viável”. Acho que dali essa sementinha foi criada a partir desse ponto.
Cite 3 autores nacionais que você indica para todo mundo.
Eu sempre indico Giu Dominguez, uma escritora de fantasia que escreve várias histórias sáficas. Elayne Baeta, uma grande amiga que também é escritora nordestina lésbica. Também tenho indicado bastante Iris Figueredo, também minha colega de editora e faz lindas histórias.