
Lançando um livro que traz um musical dentro de uma história de superação, Felipe Cabral abre o tom para falar do seu novo trabalho. Aliás, o autor divulga sua obra na Bienal do Livro e traz representatividade em tudo o que faz. Com exclusividade ao Manual Geek, Felipe Cabral fala do processo e o desafio de escrever “Nossa Grande Chance”:
Veja também-Nossa grande chance: Felipe Cabral lança romance com um musical
Felipe, esse ano você está lançando “Nossa Grande Chance”, que é uma história que mistura romance e musical. Pode falar um pouquinho sobre a história?
“Nossa Grande Chance” vem de uma angústia minha em que o dinheiro tava acabando, to com 39 anos, a idade do protagonista, com muito tempo de estrada que você olha e fica “caraca, como é que eu vou pagar o boleto, não acredito que tô há tempo trabalhando, construindo uma carreira. E agora o mercado está instável, vou ter que voltar para casa da minha mãe”. O meu personagem, o Patrick, passa por isso e ele decidi investir o pouco que ainda tem para levantar uma adaptação musical de um livro de sucesso dele.
Na verdade, quando ele levanta esse musical, a ideia é que na hora que tudo deu errado, ele ainda apostou numa história dele para mudar a vida dele. E eu me identifico muito, nessa hora da gente se reinventar, de voltar a acreditar em nós mesmos, nos nossos sonhos, nas nossas ideias. E o livro é num musical, chamado “Os Meninos de Icaraí” e o teatro foi minha primeira casa, onde comecei a atuar, me entendi como um cara gay. Então, foi tão importante para mim o teatro que esse personagem vai ter a vida mudada no teatro.
E de onde surgiu a ideia de trazer esse universo para a literatura?
Eu amo Glee e já fui na Broadway, então eu amo. Mas, tenho amigos que são de musical, então, posso dizer que já sou do musical. Para mim, musical veio do clima gay de um musical. Ele vai para o teatro e vai fazer o “Os Meninos de Icaraí”, que é sobre um clube de remo que se passa nos anos 50. Então, vou contar a história desse grupo e colocar no clima de teatro musical. E eu queria que a história se passasse nesse universo e gente, quem não gosta?! E os capítulos são dividos na contagem regressiva, então você vai se empolgando até essa história estrear.
Como foi o processo de traduzir a linguagem dos musicais — tão visual e sonora — para as páginas de um livro? Foi difícil?
Foi um desafio, porque o protagonista tá levantando esse musical o livro inteiro, ele precisa que dê certo para a vida dele mudar e ele conhece o Júnior, que é um rapaz que ele dispensou no passado, mas virou o protagonista. Então, todos os personagens do livro estão envolvidos para esse musical dar certo. E a primeira coisa que pensei foi que o leitor goste desse musical e sinta que exista de verdade. E quando percebi que eu ia ter que escrever esse musical inteiro. Então, de fato, parei e fiz toda a estrutura. No fim do livro, vocês vão o primeiro ato, o intervalo, o segundo, todas as cenas, onde cada música entra e eu fui escrevendo as letras. Então, meio que já estou em caminho andado para fazer esse musical acontecer na vida real.
Em sua opinião, o que os musicais oferecem de único que pode enriquecer a narrativa de um livro?
Para mim, eu amo essa quebra e como as músicas induzem os sentimentos dos personagens. Então, era muito bom também que a história do musical tivesse um paralelo (e tem, vocês vão ler) e tem haver com a história dos protagonistas. Então, é muito vistoso botar uma letra de música que, por exemplo, fosse um sentimento. Além disso, eu gosto de visualizar a energia. Assim, “eu preciso mudar a minha vida”, vamos dançar, mexer esse corpo, brilhar, ir naquele palco e dar um show. E eu queria o livro tivesse esse clima.
A história fala sobre recuperar a confiança na vida e em si mesmo. Qual foi sua maior preocupação ao abordar essa questão para uma pessoa que passa o mesmo momento que o protagonista?
Esse é o coração da história, como o Patrick vai voltar a acreditar nele, com dinheiro acabando, acordando 5:30 da manhã, tá com ansiedade e como ele está se sentindo um fracasso. E essa reflexão sobre como a gente se define do nosso sucesso profissional, eu também quis colocar em jogo, como a gente consegue se enxergar para além do que a gente tá produzindo. Então, é uma trajetória e o Patrick tem muitos amigos que ele vai botando o jogo para lutarem com ele. E ele vai percebendo junto com o Júnior, que é mais novo com 23 anos e cheio de energia para viver o sonho. É um equilíbrio do “eu quero viver muito isso” e do “não aguento mais,to exausto”.
Se o livro fosse adaptado, quem você gostaria de ver interpretando Patrick e Junior?
O Júnior seria o ator que estava em “Garota do Momento” e o Patrick, esperando uns aninhos, um Jesuíta Barbosa, o Thiago Mendonça também. Talvez, o Leonardo Miggiorin. Tinha que ser um artista gay.
Agora me diz, qual o seu musical favorito?
Tem tantos musicais que cito no livro que eu amo. Vou falar de um que não é de ninguém, mas é um dos meus favoritos: The Prom. Eu vi em Nova York esse musical, cheguei, tinha muitos adolescentes e família vendo e é uma história de amor na escola e o musical acabava com um beijo das protagonistas e o teatro todo a locura e eu chorando. As pessoas gritando alegres e eu pensando “o teatro todo celebrando todo um beijo entre duas meninas”. E eu amo as músicas também. Mas, também amo Rent, Hairspray, Everybody is talking abort Jaime, Wicked, Kinky Boots, O Mágico de Oz.