Do Brasil ao Japão: Livros que vão além dos EUA

Do Brasil ao Japão, vamos apresentes livros que vão além dos EUA, que possuem histórias marcantes, completas e únicas. Afinal, as obras foram dominadas por histórias ambientadas nos Estados Unidos. Mas o mundo é grande e a literatura também. Pensando nisso, vamos conhecer livros que vão além dos EUA:
A Cabeça do Santo (Brasil):
Pouco antes de morrer, a mãe de Samuel lhe faz um último pedido: que ele vá encontrar a avó e o pai que nunca conheceu. Mesmo contrariado, o rapaz cumpre a promessa e faz a pé o caminho de Juazeiro do Norte até a pequena cidade de Candeia, sofrendo todas as agruras do sol impiedoso do sertão do Ceará.
Ao chegar àquela cidade quase fantasma, ele encontra abrigo num lugar curioso: a cabeça oca e gigantesca de uma estátua inacabada de santo Antônio, que jazia separada do resto do corpo. Mas as estranhezas não param aí: Samuel começa a escutar uma confusão de vozes femininas apenas quando está dentro da cabeça. Assustado, se dá conta de que aquilo são as preces que as mulheres fazem ao santo falando de amor.
Seu primeiro contato na cidade será com Francisco, um rapaz de quem logo fica amigo e que resolve ajudá-lo a explorar comercialmente o seu dom da escuta, promovendo casamentos e outras artimanhas amorosas. Antes parada no tempo, a cidade aos poucos volta à vida, à medida que vai sendo tomada por fiéis de todos os cantos, atraídos pelo poder inaudito de Samuel. Em meio a esse tumulto, ele ainda irá se apaixonar por uma voz misteriosa que se destaca entre as tantas outras que ecoam na cabeça do santo.
Veja também- Resenha: A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli
Violeta (Chile)
Violeta veio ao mundo em um dia tempestuoso de 1920, a primeira menina em uma família com cinco filhos. Desde o início, sua vida foi marcada por acontecimentos extraordinários: ainda era possível sentir os efeitos da Grande Guerra quando a gripe espanhola chegou ao seu país, pouco antes do seu nascimento.
A família saiu ilesa dessa crise, mas não conseguiu enfrentar a seguinte. A Grande Depressão transformou totalmente a vida urbana que Violeta conhecia. Sua família perdeu tudo e foi forçada a se mudar para uma parte mais remota do país. Lá, ela cresceu e terá seu primeiro pretendente.
Violeta narra sua história em uma carta a pessoa que mais ama nessa vida, contando decepções e casos amorosos, momentos de pobreza e riqueza, terríveis perdas e imensas alegrias, sempre permeando grandes eventos da história: a luta pelos direitos das mulheres, a ascensão e queda de tiranos e, em última análise, não uma, mas duas pandemias.
Eu estou pensando em acabar com tudo (Canadá)
Você sentirá medo. Mas não saberá dizer porquê… Jake dirige o carro em direção à casa de seus pais, na fazenda. Ele leva consigo a sua nova namorada. Ela, apesar de gostar de Jake, acha muito cedo para conhecer sua família. Até porque existe o pensamento. O pensamento de acabar com tudo.
Durante as horas de viagem entre a cidade e o interior, por estradas desertas cercadas por florestas e escuridão, as lembranças e as dúvidas lhes servirão como companhia. Mas há algo errado. Uma tensão que pode ser sentida no ar, nos movimentos e nas convicções. Talvez eles não se conheçam o suficiente. E talvez seja tarde demais para voltar.
O que o vento susurra (Irlanda)
Anne Gallagher é um escritora rica e famosa que vive em um lindo apartamento em Manhattan. Ela sempre sentiu verdadeiro fascínio pelas histórias de seu avô sobre a Irlanda, mas nunca teve a chance de conhecer o país. Até agora.
Arrasada com a morte do avô, Anne viaja para a terra onde ele passou a infância para espalhar suas cinzas. Lá, dominada pelas lembranças do homem que ela adorava e consumida por uma história que nunca conheceu, Anne é puxada para outro tempo.
A Irlanda de 1921, à beira da guerra, é um lugar perigoso onde despertar. Mas é ali que Anne se encontra, ferida, desorientada e sob os cuidados do dr. Thomas Smith, guardião de um menino estranhamente familiar. Confundida com a mãe desaparecida do menino, Anne adota sua identidade, convencida de que o sumiço da mulher está ligado ao seu.
À medida que as tensões aumentam, Thomas se junta à luta pela independência da Irlanda e Anne é arrastada para o conflito ao lado dele. Presa entre a história e seu coração, ela deve decidir se está disposta a abrir mão da vida que conhecia por um amor que nunca pensou que encontraria. Mas será que a escolha é realmente dela?
Verão de lenço Vermelho (Rússia)
Vinte anos depois de ter passado seu último verão no acampamento Andorinha, Iura decide voltar. Os tempos são outros: já não existe União Soviética, o muro de Berlim caiu, sua vida seguiu adiante. Então não é nenhuma surpresa que, ao chegar lá, ele só encontre ruínas. Ruínas repletas de memórias.
Memórias daquele verão usando lenço vermelho no pescoço. O verão em que participou do clube de teatro — e até acabou gostando. Em que inventou histórias de terror para divertir as crianças mais novas. Em que passeou de barco e deitou sob a sombra do salgueiro. O verão em que conheceu Volódia, um rapaz certinho, educado e muito inteligente. O verão em que viveu seu primeiro amor. Talvez, enterrada ali em algum lugar, exista alguma pista que o leve até Volódia. Afinal, algumas pessoas marcam nossa vida para sempre — e, mesmo décadas depois, ainda vale a pena lutar por elas.
Leia também- Resenha: Verão de lenço vermelho, de Elena Malíssova e Katerina Silvánova
Hibisco roxo (Nigéria)
Protagonista e narradora de Hibisco roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família. O pavor de Eugene às tradições primitivas do povo nigeriano é tamanho que ele chega a rejeitar o pai, contador de histórias encantador, e a irmã, professora universitária esclarecida, temendo o inferno.
Mas, apesar de sua clara violência e opressão, Eugene é benfeitor dos pobres e, estranhamente, apoia o jornal mais progressista do país. Durante uma temporada na casa de sua tia, Kambili acaba se apaixonando por um padre que é obrigado a deixar a Nigéria, por falta de segurança e de perspectiva de futuro.
O caçador de pipas (Afeganistão)
Amir é inseguro e está sempre em busca da aprovação do pai; Hassan é valente, leal e generoso. Apesar de diferentes, os dois cresceram juntos, com as mesmas brincadeiras e assistindo aos mesmos filmes. Até que um dia, durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan ― e esse episódio marca a vida dos dois amigos para sempre.
Vinte anos mais tarde, após Amir ter abandonado um Afeganistão tomado pelos soviéticos e ter se estabelecido nos Estados Unidos, ele retorna ao seu país de origem, agora dominado pelo regime Talibã, e tem a oportunidade de acertar as contas com o passado.
Enquanto houver limoeiros (Síria)
Tendo como cenário a guerra da Síria, o livro é narrado por Salama Kassab, uma estudante de farmácia que vê sua vida virar do avesso e passa a trabalhar como voluntária no hospital de sua cidade. Transformada em médica para ajudar os feridos que chegam sem parar, ela tenta encontrar um jeito de sair do país antes que a cunhada, Layla, dê à luz. Os sentimentos são contraditórios: Salama quer ser leal à verdadeira Síria mas prometeu ao irmão, preso durante um protesto, que cuidaria da família.
O medo da jovem é personificado na forma de Khawf, uma entidade que a acompanha a cada movimento no esforço de mantê-la segura. Na busca pela sobrevivência, o caminho de Salama cruza com o amor de um garoto cujo destino é mais ligado ao seu do que ela jamais imaginaria. Antes que seja tarde, Salama deverá aprender a enxergar os acontecimentos como eles realmente são e decidir como gritar pela liberdade da Síria.
Meu Dom Quixote Coreano (Coreia do Sul)
Em 2003, a Dom Quixote Vídeos ― uma locadora situada no coração de Daejeon, na Coreia do Sul ― era um refúgio para um grupo de adolescentes. Entre pilhas de fitas VHS, tteokbokki e risadas, Sol e seus amigos encontravam acolhimento em Dom, o excêntrico dono da loja. Dom ensinava a eles uma lição simples, mas poderosa: sempre seguir seus sonhos, por mais impossíveis que pareçam.
Quinze anos depois, Sol retorna a Daejeon, sentindo-se desnorteada após perder o emprego em Seul. Em busca de um novo propósito, ela decide criar um canal de viagens no YouTube. Mas o rumo do canal muda quando ela revisita o antigo prédio da Dom Quixote Vídeos ― agora transformado em uma cafeteria. O espaço parece ter virado uma mera lembrança do passado. Dom desapareceu, mas o porão da loja, repleto de relíquias, ainda guarda vestígios daquela época.
Tocada pelas memórias da adolescência, Sol decide mergulhar de cabeça no mistério do sumiço de Dom. Conforme surgem pistas e relatos de pessoas que dizem tê-lo visto, a jornada à procura desse “Dom Quixote coreano” se transforma em uma aventura de descobertas e autoconhecimento. Passando por várias cidades, Sol encontra diversas pessoas marcadas por Dom, o que lança nova luz sobre o homem excêntrico que a inspirou na juventude.
Confira também- Resenha: Meu Dom Quixote Coreano, de Kim Ho-Yeon
Espelhos de água (Japão)
Em uma ruazinha escondida em Tóquio, há uma casa de penhores diferente de todas as outras. Mas nem todo mundo consegue encontrá-la, já que, na verdade, é ela quem encontra as pessoas. Apenas os escolhidos — aqueles que estão perdidos — podem atravessar a porta e receber a oportunidade de abrir mão de seus maiores arrependimentos.
Hana Ishikawa acabou de herdar a casa de penhores após seu pai se aposentar. Justamente em sua primeira manhã de trabalho, ela se depara com uma situação caótica: tudo está completamente revirado, o pai, desaparecido, e o bem mais valioso da loja, roubado. Entretanto, chega um novo cliente que se propõe a ajudá-la a descobrir o que aconteceu.
Juntos, eles irão embarcar em uma jornada para um mundo mágico, em busca do pai de Hana e de respostas — atravessando espelhos de água, viajando em barcos de papel e cruzando pontes que existem apenas à meia-noite. Uma jornada mística que trará perigos, questionamentos e, quem sabe, até mesmo sentimentos inesperados.
Não perca também- Resenha: Espelhos de Água, de Samantha Sotto Yambao



