O Gambito da Rainha se consagrou como a minissérie mais vista da Netflix, alcançando 62 milhões de assinantes mundo afora. A produção estrelada por Anya Taylor-Joy conseguiu um feito ainda mais extraordinário: popularizar o xadrez entre pessoas de diferentes idades, gêneros e nacionalidades. A nova onda de interesse pelo jogo se deve, sobretudo, aos acertos da trama, que brindou o público com um visual sofisticado, um elenco competente e um roteiro bem construído. Além do inusitado título, temos outros segredos por trás de seu sucesso. Diante disso, reunimos curiosidades sobre o universo de Beth Harmon.
1.Baseado no livro de Walter Tevis
Inspirado em um livro homônimo, escrito pelo americano Walter Tevis e publicado em 1983. O autor, que aprendeu a jogar xadrez aos sete anos, trouxe diversos aspectos de sua vida para a obra. Dessa forma, criando uma protagonista que refletia sua paixão pelo esporte. Tevis sofria de cardiopatia reumática e passou parte de sua infância em uma casa para doentes, sob o constante efeito de sedativos. Abandonado pelos pais, ele também lutou contra o alcoolismo, mas, ao contrário de sua personagem, nunca despontou como um prodígio no tabuleiro.
2. Ajuda dos especialistas
Para transformar o livro em uma minissérie original da Netflix, o diretor e roteirista Scott Frank contou com a ajuda de dois gênios do xadrez. O russo Garry Kasparov, considerado o maior jogador de todos os tempos e três vezes campeão mundial e o americano Bruce Pandolfini, um dos instrutores mais renomados da história e consultor de Tevis. Kasparov declarou que muitas das jogadas descritas pelo autor eram “meio amadoras”. Ele fez, portanto, questão de representá-las fielmente na telinha, escolhendo jogos-chave e fazendo com que ficasse o mais autêntico possível.
3.Mulheres e o Xadrez
A produção se passa nos EUA dos anos 60 e acompanha Beth em alguns torneios internacionais, como na França e na Rússia. Acontece que, naquela época, as mulheres não podiam participar do Campeonato Mundial de Xadrez. O direito só foi conquistado na década de 80, quando a palavra “homem” (“men’s”) saiu do nome oficial do evento. A partir disso, a mudança veio dos esforços de Susan Polgár, uma jovem húngara que defendeu a equidade de gênero e, inclusive, propôs o termo “aberto” (“open”) para designar a competição.
Leia também: GLOBO DE OURO 2021: VEJA OS INDICADOS DESSA EDIÇÃO
4. Guerra Fria dentro do tabuleiro
Na trama, Beth se mostra determinada a vencer todos os seus oponentes. Entre eles, está o russo Vasily Borgov (Marcin Dorociński), que, invicto, ameaça os sonhos da protagonista. A rivalidade se estende ao longo dos episódios, ajudando a ilustrar o momento histórico que o mundo atravessava, ou seja, a Guerra Fria. Sendo assim os EUA e a URSS disputavam hegemonia sobre os mais variados campos – como economia, poder bélico, corrida especial, esporte e cultura.
Os soviéticos eram obcecados por xadrez, e cada família tinha seu próprio tabuleiro. Originalmente destinado às elites do país, o jogo virou um importante artifício comunista para a luta de classes. Lenin chegou a chamá-lo de “arma política”, de modo que, no período pós-Segunda Guerra, as partidas serviam como campo de batalha. Beth e Borgov personificam, assim, a polarização entre dois blocos ideológicos, bem como a necessidade de ganhar a qualquer custo.
5. Figuro e sua evolução pessoal
No início da trama, Beth surge como uma menina órfã que não tira o uniforme da instituição Methuen. O vestido e o avental cinza marcam uma época sombria de sua trajetória. Onde se vê presa à rigidez do orfanato e à solidão em meio a tantas garotas como ela. Portanto, à medida que cresce e passa a morar com sua mãe adotiva, Beth vive uma mudança radical de estilo e se revela uma entusiasta da moda. Com looks cada vez mais glamorosos, ela oscila entre diferentes personas, até encontrar sua verdadeira identidade.
https://youtu.be/cnqV3wsZlpo