Eles voltaram!!
A segunda temporada de Stranger Things foi lançada no último dia 27 e já foi assistida por bilhões de pessoas do mundo inteiro. Tenho que confessar que demorei um pouco a assistir por ter ficado com um certo preconceito por não ter curtido muito a primeira temporada. Sim, diferente de boa parcela da humanidade, achei a série chatinha e cansativa, e por incrível que pareça, não me senti presa à história. Mas, como elogios estavam sendo tecidos à segunda temporada, eu precisava conferir para saber se era verdade. E o resultado? Melhor impossível.
Logo nas primeiras cenas já fica claro que, diferentemente da primeira temporada, essa terá ação do início ao fim. Claro, é muito mais fácil preencher a série com adrenalina agora já que não precisa apresentar boa parte dos personagens, mas isso precisa ser feito na medida certa, e foi o que aconteceu. Os diretores conseguiram apresentar episódios equilibrados que aparecessem ação, mistério e que permitiam um tempo para respirarmos. A todo momento coisas estranhas estão prestes a acontecer, o que deixou um ar de tensão até nos primeiros episódios, onde deveria ser um momento mais tranquilo.
Essa segunda fase desenvolve outros assuntos que foram deixados em aberto na primeira, como por exemplo, a origem da Eleven e o que exatamente os monstros do Upside Down[1] desejam. Além disso, foram implementadas outras histórias. Os meninos estão crescendo, e com isso vem o fato de que começam a ver as meninas com outros olhos, se preocupam com o visual, não quererem pagar mico, tudo que criança daquela idade não passe. O roteiro está muito bem dividido, e todas as partes, se assim podemos dizer, se encaixam perfeitamente. E quando achamos que não tem mais nada a ser criado, os The Duffer Brothers te enfiam um monstro medonho goela abaixo e uma possessão um pouco mais suave que O Exorcista.
O desaparecimento da personagem Bárbara ainda é pauta na história. Os pais da personagem vão a fundo para descobrir o paradeiro da filha, mas mal sabem eles a verdade. Por conta desse tema, o segundo núcleo ganha espaço e boa parte da série para eles. Nancy, Steve e Jonathan continuam sendo aquele clássico triângulo amoroso, mas ao contrário da primeira temporada, Jonathan deixou de ser o esquisito, e está até bem apresentável, mas Nancy continua uma sem sal, talvez só com um pouquinho e o Steve, ahh, sem comentários pro love!
Se dá medo? Não, a primeira é muito mais sombria, essa trabalha mais o desenrolar da história e do lado sentimental dos personagens. Ao mesmo tempo que estão preparados para enfrentar os Demondogs, eles ainda estão se recuperando dos últimos acontecimentos. Nessa temporada eu me vi tendo afeições por personagens que foram insignificantes na primeira, mas que agora tiveram um espaço, e isso é muito bom, pois permite que o público conheça melhor todos que ali compõem a história, e não fica na mesmice de insistir apenas nos personagens centrais. É uma grande diversidade que constrói a história e que dá oportunidade para vários núcleos igualmente.
Outra coisa gostosa de ver são os atores. Essa questão de criarmos afeição pelos personagens também se dá pelo fato de que agora conseguimos ver realmente os atores nos seus papeis, como se eles tivessem abraçado quem realmente são. Ok, podem dizer que isso já era visível, mas senti falta da personalidade dos personagens na primeira, da real identidade deles, quem eles são, e na segunda, talvez por questões de tempo, você enxerga o que cada um é. Houve um amadurecimento dos atores como profissionais. O cast mirim cresceu tão rápido e todos começaram a se comportar como atores, sem grandes palhaçadas. Eles são muito fofos!
Me surpreendeu bastante o desapego que a série tem com os personagens. Por isso, mesmo sendo fácil se apegar a eles, a segunda temporada não é um bom momento para ter um personagem favorito. Você assiste tendo em mente que é um roteiro livre e que a qualquer momento uma tragédia pode acontecer e BAM, já era. E se ele vive o coração já dispara sabendo que ele pode não resistir a outra temporada.
O que me incomodou um pouco foram os problemas de continuidade. Existem algumas falhas nas cenas de vai e vem do passado. Como falei anteriormente, os meninos cresceram e estão diferentes de como eram na primeira vez que apareceram, sei que os diretores tiveram preocupação com isso, porém acabaram deixando passar algumas coisinhas. Talvez nem todo mundo tenha percebido, mas um bom observador notou que o cabelo do Mike na cena que remete ao passado está maior do que como realmente era. Falha.
O final também foi algo que me deixou um pouco decepcionada. Depois de todos os episódios acabarem de forma de tirar o folego, a série acaba de maneira fria, deixando uma grande lacuna, do modo que se ela for cancelada, ótimo, teve um final descente com todo mundo feliz, e se tiver continuação, ótimo também, vamos criar algo louco a partir daí. Ou seja, um final sem vida, sem “OMG quero mais”. Depois de uma série impecável, ela merecia mais que esse final.
Stranger Things está disponível na Netflix! Corra, assista e venha compartilhar a sua opinião!
[1] Mundo Invertido