Quando a Disney decidiu explorar o passado de Star Wars no cinema, surgiu uma grande polêmica: como mexer em personagens icônico sem desagradar tanto o público? Com a força da franquia estabelecida e seus personagens reverenciados por diversas gerações, é complicado mexer em personagens tão marcantes como Luke Skywalker, Leia e Darth Vader. Isso começou em 1999 com o Episódio I, antes mesmo da Lucasfilm fazer parte do império do Mickey, e agora tem um novo capítulo com Han Solo – Uma História Star Wars.
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Esse novo spin-off da franquia explora as origens do contrabandista eternizado nas telas por Harrison Ford com uma aventura decente, mas sem muita inspiração. O diretor Ron Howard deixa a tela com ambientes escuros e explosões a todo momento, ao mesmo tempo que tenta explorar novas raças para aumentar as possibilidades do universo criado por George Lucas. É um pouco difícil de entender a pegada que o diretor quer transmitir com um personagem tão “malandro” e um tom tão obscuro. Além disso, este filme se concentra na história da formação de uma “família” eletiva, incluindo Han (Alden Ehrenreich), Chewbacca (Joonas Suotamo), Lando Calrissian (Donald Glover), junto com os novos integrantes Tobias Beckett (Woody Harrelson) e Qi’ra (Emilia Clarke). Por esta razão, não existe um antagonista forte, mas cada um tem seu desempenho.
Por outro lado, Alden Ehrenreich surpreende como protagonista. Incumbido de uma tarefa impossível que é personificar um dos ícones do cinema moderno, o ator opta pela simplicidade e sutileza para reviver Solo. Howard acerta ao dar closes longos e silenciosos ao jovem, que não copia a malandragem de Ford, mas não faz feio ao passear entre o ladrão do dia e o bom moço de coração.
O vilão vivido por Paul Bettany tem pouco tempo de tela, mas o usa bem e de forma intensa. Rio (Jon Favreau), L3 (Phoebe Waller-Bridge) e Beckett (Woody Harrelson) são os destaques da equipe de Solo, além de Lando (Donald Glover), que não surpreende, mas funciona de maneira decente.
No que diz respeito ao humor, não são todas as piadas que funcionam à perfeição, mas servem para ilustrar estes heróis falhos, que às vezes se corrompem pelo dinheiro.
Mais do que a história de Han, o filme tenta mostrar como as pessoas que vivem à margem do Império sobrevivem na galáxia. Solo é um esquecido no planeta Corellia e Chewie um prisioneiro de guerra. No fundo, o roteiro de Lawrence Kasdan tenta pintar um cenário de renegados da galáxia em um filme de assalto, mas fica limitado a responder às perguntas sobre o passado de Han Solo. Quando opta por criar uma relação, sem transformar toda frase em um fan service, Solo funciona bem e diverte. Além de ter os mesmos efeitos usados na nova fase da saga.
Não há como negar que a intenção de preencher as lacunas que davam substância a personagens como Solo, Chewie e Lando, é das mais questionáveis. Por isso, mesmo que tenha um elenco à altura da franquia, Han Solo – Uma História Star Wars se torna um filme decente, consegue divertir o público, traz um pouco de nostalgia, mas não vai fazer grande diferença na vida dos fãs.