Crítica do filme Batalhão 6888

Batalhão 6888: Uma história de luta e resistênsia

Baseado em fatos e dirigido por Tyler Perry, Batalhão 6888 traz a história da uma unidade composta exclusivamente por mulheres negras. Mesmo que este longa de guerra é cercado de clichês, mas através da sua forte premissa e boas atuações, acompanhamos a trajetória de mulheres negras que fizeram história na Segunda Guerra Mundial. Além disso, a produção está concorrendo por Melhor Canção Original no Oscar 2025. Portanto, vamos ver mais de Batalhão 6888:

Veja também- Oscar 2025: Ainda Estou Aqui concorre como Melhor Filme!

Um pouco de contexto:

Batalhão 6888 mostra o relato da pouco conhecida equipe da Segunda Guerra Mundial: a atuação do 6888º Batalhão do Diretório Postal Central, uma unidade composta exclusivamente por mulheres negras. Essas 855 mulheres foram encarregadas de organizar milhões de correspondências atrasadas destinadas aos soldados americanos no front europeu, enfrentando não apenas os desafios logísticos da guerra, mas também o racismo e o sexismo enraizados na sociedade da época.

Kerry Washington domina a cena:

Veja tudo sobre o filme Batalhão 6888

O filme destaca-se pela poderosa atuação de Kerry Washington no papel da capitã que lidera o batalhão. Afinal, sua performance transmite com profundidade a resiliência e determinação necessárias para superar as adversidades impostas tanto pelo conflito quanto pelos preconceitos internos das forças armadas. As interações entre as personagens evidenciam a camaradagem e a força coletiva das mulheres, oferecendo uma narrativa inspiradora sobre superação e união.

A face do racismo no filme é representada pelo General Halt (Dean Norris), mas vozes mais progressistas representado pelo presidente Roosevelt (Sam Waterson) e sua esposa Eleanor (Susan Sarandon), além da educadora e ativista negra dos direitos civis, Mary McLeod Bethune (Oprah Winfrey), são responsáveis por retirar o Batalhão 6888 do ostracismo e leva-los para Europa na missão de fazer as correspondências chegarem nas casas dos norte-americanos.

Direção com erros e acertos:

A direção de Tyler Perry opta por uma abordagem convencional, que, embora eficaz em momentos emocionantes, por vezes recorre a clichês do gênero de guerra. A trilha sonora complementa adequadamente as cenas, amplificando o impacto emocional sem se sobrepor à narrativa. Aliás, o filme está concorrendo por Melhor Canção Original no Oscar 2025.

Visualmente, o filme é competente, retratando de forma convincente o ambiente da época e as condições enfrentadas pelo batalhão. As cenas que ilustram o trabalho árduo de organizar milhões de cartas são particularmente impactantes, simbolizando a missão de restaurar a esperança e a conexão entre os soldados e suas famílias.

Confira tudo sobre Batalhão 6888

Mas, com um roteiro imperfeito:

No entanto, o roteiro apresenta algumas fragilidades. Elementos ficcionais, como um romance da protagonista com um namorado falecido, parecem deslocados e não contribuem significativamente para o desenvolvimento da trama principal. Além disso, certas imprecisões históricas, como a representação de um reconhecimento imediato das conquistas do batalhão, destoam da realidade, já que o verdadeiro reconhecimento só ocorreu décadas depois.

O mais difícil para Perry aqui talvez não seja seu papel como diretor, onde o cineasta acerta mais que erra, porém em termos de roteiro, os diálogos carregados de frases de efeito e patriotismo barato atrapalham um pouco a imersão. Acredito que falta  maturar melhor a forma como os personagens entregam certas frases, que só soam autênticas, quando a parte racial do filme fica mais evidente, afinal estávamos num período de segregação pesada nos EUA.

Vale a pena assistir Batalhão 6888?

Em suma, Batalhão 6888 é uma obra que, apesar de algumas falhas narrativas, cumpre o importante papel de trazer à luz uma história real de coragem e perseverança. Porém, é uma homenagem válida às mulheres que, em meio ao caos da guerra e às barreiras do preconceito, desempenharam um papel crucial na manutenção do moral das tropas e na luta por igualdade.