
Baseada na trilogia literária All Souls, de Deborah Harkness, A Descoberta das Bruxas chegou na Netflix e tenho o que falar a respeito. Aliás, essa série britânica de fantasia romântica mistura bruxaria, vampiros, demônios e alquimia, com uma pitada de história e ficção científica. Mas, vale a pena ver? Vamos ver falando de A Descoberta das Bruxas:
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Sinopse:
A série gira em torno de Diana Bishop (Teresa Palmer), uma historiadora e bruxa que nega sua herança mágica. Em uma pesquisa na biblioteca de Oxford, ela acessa acidentalmente um manuscrito oculto, o Ashmole 782, cobiçado por todas as criaturas sobrenaturais (bruxas, vampiros e demônios). Esse evento atrai a atenção do misterioso vampiro Matthew Clairmont (Matthew Goode), um cientista milenar. A partir daí, o destino dos dois se entrelaça, revelando uma conspiração ancestral e uma aliança proibida que desafia o equilíbrio do mundo mágico.
Ambientação e estética
Com toda a certeza, um dos grandes trunfos da série está em sua produção visual. Desde as cenas nas bibliotecas góticas de Oxford, passando pelos vinhedos franceses de Sept-Tours, até os becos e mansões da Londres elisabetana , a série impressiona com ambientações ricas, fotografia elegante e figurinos sofisticados. A estética é madura, misteriosa e refinada, algo que a aproxima mais de dramas adultos como Outlander ou Penny Dreadful do que de fantasias juvenis.
Personagens e atuações
Teresa Palmer entrega uma Diana sensível, inteligente e em constante transformação. Sua jornada de bruxa relutante a figura de poder é convincente, ainda que em certos momentos falte maior nuance emocional. Matthew Goode interpreta um vampiro aristocrático com charme britânico, camadas sombrias e muita contenção — o que pode soar frio para alguns, mas reflete bem seu personagem milenar.
Agora, destaque para os coadjuvantes: Alex Kingston (como Sarah, a tia bruxa de Diana), Lindsay Duncan (como Ysabeau), e James Purefoy (como o perigoso vampiro Gerbert) brilham em papéis fortes e ambíguos.
Mas, o que não deu certo?
Eu confesso que a série tinha tudo para ser uma favorita do ano para mim, até pelo enredo e os elementos de fantasia. Mas, o ritmo que as coisas andam fica, extremamente, cansativo. Apesar de se tratar de uma fantasia com ameaças místicas e conflitos interespécies, a série é, em muitos momentos, excessivamente lenta. A primeira temporada, em particular, gasta muito tempo em diálogos repetitivos e cenas contemplativas que pouco avançam a trama. Os episódios parecem longos demais para o que de fato entregam em termos de desenvolvimento.
O relacionamento entre Diana e Matthew é o coração da história — o que seria ótimo se não ofuscasse completamente outras tramas importantes. O romance, embora tenha química no início, rapidamente se torna possessivo e idealizado, com diálogos dramáticos que beiram o exagero. A relação se desenvolve rápido demais, com declarações de amor eterno logo nos primeiros episódios, o que tira credibilidade da conexão entre eles.
Além disso…
A série apresenta personagens coadjuvantes interessantes — como Sarah, Em, Marcus e Domenico — mas falha em dar a eles o tempo de tela e o desenvolvimento que merecem. Muitos deles parecem estar sempre à margem dos acontecimentos, mesmo quando são centrais no universo da história. Peter Knox e Gerbert, por exemplo, são apresentados como grandes ameaças, mas não têm densidade psicológica nem motivações convincentes. Suas ações soam genéricas e previsíveis, o que prejudica a sensação de perigo real.
Muitas cenas são recheadas de diálogos didáticos que explicam o óbvio ou tentam inserir contexto de forma artificial. Além disso, a série tem uma gravidade constante que pode soar cansativa — falta humor, leveza e espontaneidade. O resultado é uma história que leva a si mesma tão a sério que esquece de entreter.
Vale a pena assistir A Descoberta das Bruxas?
A Descoberta das Bruxas tenta ser uma fantasia adulta, erudita e sofisticada — e tem elementos para isso — mas acaba escorregando em escolhas de roteiro, ritmo e direção. A série não consegue equilibrar romance, política mágica e mistério de forma coesa. Para os fãs do gênero, há momentos interessantes, belas locações e um universo com potencial. Mas quem busca uma história mais dinâmica, com desenvolvimento equilibrado de personagens e antagonistas complexos, pode sair frustrado.