Wandinha: Acertos e tropeços na 2ª temporada

Finalmente, a segunda temporada de Wandinha está completa na Netflix. A série estrelada por Jenna Ortega tem dividido a opinião do público. A minha opinião talvez seja um pouco mais polêmica, e é por isso que vou contar para vocês o que realmente achei dessa nova fase da série. Prontos?
Expectativas para a nova temporada
Eu tenho que ser sincera e dizer que quando comecei a assistir à segunda temporada eu estava sem grandes expectativas. Afinal, a primeira me decepcionou muito, principalmente no pós da primeira temporada. Para mim, a história acabou ficando muito infantilizada e a própria Wandinha foi tratada de forma infantil, e isso me incomodou demais. Como fã da família Addms e da sua trajetória, fiquei um pouco desapontada com o rumo que a série teve no início. Então, ao começar a segunda temporada, eu estava com o pensamento de que o que viesse seria lucro.
É claro que, como qualquer outra série, essa temporada tem altos e baixos, com episódios muito bons e outros nem tanto. Existe, sim, um conflito com relação ao enredo, já que a narrativa aborda vários assuntos ao mesmo tempo e, por diversas vezes, faz a gente esquecer qual é o foco principal.
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Relações familiares em destaque
Mas o que realmente me chamou a atenção é que finalmente conseguiram realinhar o verdadeiro significado da família Addams, algo que senti muita falta anteriormente. Por mais que seja uma série centrada na Wandinha, é importante lembrar que ela só é quem é justamente por fazer parte dessa família. A essência dos Addams é ser uma família estranha, sombria, mas extremamente unida, que se ama e que está disposta a qualquer coisa para proteger seus membros. Não importa se é de sangue ou não: se você é um Addams, a fidelidade é eterna.
Acredito que essa temporada trabalhou muito bem esse aspecto. Claro que existem alguns momentos cansativos e certos furos no roteiro, já que são oito episódios e alguns mais longos do que outros. Mas, para quem gosta de acompanhar a família, essa temporada trouxe todos eles mais para perto.
Tivemos uma relação forte da Wandinha com a Mortícia, do Feioso com o Gomez e também a aparição do Tio Chico, sempre envolvido nas loucuras da sobrinha. Além disso, a Mãozinha acabou se tornando uma grande protagonista, principalmente no final, quando fica claro sua importância dentro da trama. Tudo isso reforçou o verdadeiro espírito da família Addams. Espero que, em uma terceira temporada, essa relação entre eles seja ainda mais aprofundada.

Tramas paralelas e personagens novos
Agora, falando das outras histórias paralelas, temos o assunto não resolvido da primeira temporada: o caso do Tyler. Essa narrativa continua para tentarmos descobrir como ele pode ser detido e o que realmente aconteceu com ele. Infelizmente, a série termina deixando esse mistério em aberto. Ele é aquele personagem que, aparentemente, vai continuar sendo explorado por muito tempo. Na verdade, sua história só ganha força do final da primeira parte para a segunda, já que no início o foco está na nova fase de Wandinha na escola Nunca Mais.
Também acompanhamos a relação dela com seus poderes, principalmente as visões, e a amizade com Enid, que entra em conflito várias vezes. Afinal, toda amizade passa por atritos. Essa dinâmica trouxe camadas interessantes para as duas personagens. Além disso, tivemos a introdução de novos personagens, como a Agnes. Para mim, ela foi um dos grandes acertos da temporada. Sua presença acrescenta muito à história, funcionando como um contraponto entre Wandinha e Enid.
Um dos momentos que mais gostei foi o episódio da troca de corpos entre Wandinha e Enid. Ele não trouxe grandes mudanças para a trama geral, mas serviu para mostrar porque Jenna tem sido cotada para grandes produções sempre. Ortega e Emma Myers entregaram uma performance incrível, cada uma conseguiu captar perfeitamente a personagem da outra (desde o tom de voz até os gestos). Foi tão convincente que em alguns momentos parecia que estavam se dublando. Esse episódio foi bizarramente bom e me deixou com a sensação de que eu assistiria facilmente a um filme inteiro só com essa troca de corpos.

Os pontos fracos da temporada
Sem me alongar muito, porque vou acabar comentando de cada personagem, também gostei bastante de como a história do Feioso foi inserida na série. No entanto, achei que ele poderia ter sido explorado muito mais. A relação da Wandinha com o irmão poderia ter sido melhor trabalhada, principalmente porque ele era a chave de uma das histórias que estavam sendo desenvolvidas nessa temporada. A implicância entre os dois, que é tão marcante, acabou ficando em segundo plano e só aparece de forma mais clara no último episódio, quando realmente se faz necessária.
Agora, entrando nos pontos fracos, como já comentei no início, toda série tem altos e baixos, e com essa não foi diferente. Para mim, o maior problema é que, diferente da primeira temporada (que mesmo eu não tendo gostado, tinha uma ideia clara de qual era a história central), aqui só conseguimos entender qual é a trama principal mais para o meio da temporada. Até então, somos bombardeados com vários assuntos acontecendo ao mesmo tempo, o que gera a sensação de “afinal, qual é o verdadeiro plot?”. A virada que deveria prender o espectador só aparece no último episódio, e até lá precisamos acompanhar várias pequenas reviravoltas e tramas paralelas que, no fim, não acrescentam quase nada.
Esse excesso de histórias acabou deixando tudo mais cansativo. Quando você tenta desenvolver de tudo um pouco, na prática não desenvolve nada direito. Tivemos, por exemplo, o arco do zumbi que começa de um jeito, depois muda totalmente, e quando entendemos o que está acontecendo, já surge outra linha paralela. Há ainda o diretor misterioso, cuja presença parecia promissora, mas não foi aproveitada; e a sereia, que merecia destaque, mas acabou recebendo um desenvolvimento mal estruturado, como se tivessem apenas “jogado” a personagem em cena. Isso tudo tira força da narrativa.
Confesso que em alguns momentos me cansava, porque para chegar à resolução de uma história era preciso passar por muitas outras. Além disso, certos personagens ficaram repetitivos, sempre com os mesmos dramas. A própria Wandinha, que já é naturalmente rabugenta, em alguns momentos soou irritante de uma forma que fugia do que conhecemos da personagem.

Considerações finais
No geral, considero a segunda temporada bem melhor do que a primeira. O principal mérito foi o começo do trabalho com a verdadeira essência da família Addams. Apesar das críticas ao roteiro, houve uma evolução clara. A série não está 100% adulta ou totalmente acertada, mas deixou de lado a infantilização excessiva que afastou parte do público no início. Ainda há episódios descartáveis e situações arrastadas, mas também há pontos altos e boas surpresas.
Vale a pena assistir, especialmente para quem quer conhecer mais da dinâmica da família Addams. Mas, é preciso um pouco de paciência com as muitas tramas paralelas e episódios que só acrescentam dois ou três minutos de relevância. No fim, a temporada entrega algo melhor do que se esperava, não me surpreendeu totalmente, mas deixou espaço para acreditar que uma terceira temporada pode ser ainda mais interessante.




