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Diante de um novo capítulo da MCU, “Thor: Amor e Trovão” traz um filme que foge das tradições dos super-heróis e, quando se fala de estética, vilão e heroína, o novo filme de Taika Waititi só acerta.

Assim como em “Ragnarok”, o grande acerto de é ter a confiança de que uma história não precisa se levar muito a sério para ser boa, poderosa ou até complexa. O novo filme do herói é de um humor bobo, cafona e inocente que não dá trégua. Mas debaixo da fachada malandra, existe uma delicada jornada de cura de personagens em profundo sofrimento. Vamos ver mais a respeito.

Reencontrando Thor:

A trama começa acelerada, com uma missão dos Guardiões da Galáxia, em que Thor esbarra no rastro de morte de um vilão determinado a pôr um fim a todos os deuses. E para impedi-lo, ele precisa da ajuda de Korg, a Rei Valquíria e Jane Foster, que também enfrenta uma terrível batalha pessoal. Nessas batalhas pessoais, presentes em quase todos os personagens, que o roteiro prospera. Assim como antecessor, é mais um longa que tenta entender a verdadeira essência do herói. Entre uma rápida sucessão de piadas, dos mais variados tipos, existe uma delicada história sobre um homem procurando sentido na vida.

E essa busca é o fio condutor que conecta todas as subtramas em algo único. Afinal, Jane Foster (Natalie Portman) quanto o vilão Gorr (Christian Bale) também estão procurando um propósito depois de chegarem ao fundo do poço. Mas enquanto o Carniceiro dos Deuses enfrenta suas emoções espalhando escuridão pelo universo, os Deuses do Trovão procuram ter uma atitude mais positiva, cheia de cor.

Subtramas incompletas:

O modo como a Poderosa Thor funciona como o perfeito oposto de Gorr só mostra como Waititi entendeu bem a essência dos quadrinhos. O filme usa como base duas histórias geniais de Jason Aaron — Carniceiro dos Deuses (2012) e A Poderosa Thor (2014). Infelizmente, elas acabam competindo por atenção o tempo todo, deixando um sentimento de incompletude. Não há uma história completa do Gorr e nem da Poderosa Thor, são como metades. Mas são metades que se complementam, através das atuações incríveis de Bale e Portman.

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Christian Bale, como sempre, não decepciona. Ele tem uma presença de outro planeta, falando e se movimentando como uma serenidade perturbadora. Uma criatura das sombras, Gorr lembra um bicho papão, que esgueira em todos os cantos, esperando o menor deslize para atacar suas vítimas. Por outro lado, A Poderosa Thor, faz jus ao seu nome. Empunhando o Mjolnir, Natalie Portman está radiante, brilhando em batalhas de modo bastante singelo e se mostrando muito à vontade em meio a verdadeiras divindades. Ela convence muito rapidamente ser digna de estar entre Deuses, com um carisma incontestável. E quando ela volta a ser apenas Jane Foster, a diferença é gritante.

Roteiro com pequenos defeitos:

Agora, em alguns momentos, o roteiro consegue se safar com algumas soluções criativas, como a narração de Korg e a relação entre Jane e Thor. Porém, o problema é quando não são tão graciosas assim. Por incrível que pareça, este é um dos poucos filmes da Marvel Studios que se beneficiaria de uma duração maior para desenvolver alguns pontos com mais calma. O roteiro quer dizer muita coisa e por isso não encontra muito tempo para respirar. E mesmo nessa briga contra o relógio, Waititi consegue guiar o espectador em uma jornada fantástica, completamente sentimental. Ainda que utiliza o humor como um complemento para a narrativa.

Mesmo sendo um filme de altíssimo orçamento, é visível o cuidado e o carinho com que Waititi trata o projeto, quase como um filho. Quando o diretor drena completamente as cores, é como se o ar fosse drenado junto de nossos pulmões. É uma sequência absurdamente fora do normal, em que Christian Bale, Natalie Portman, Tessa Thompson e Chris Hemsworth estão entregando tudo de si. Tanta coisa em jogo que é difícil não se arrepiar.

Conclusão:

Portanto, “Thor: Amor e Trovão” tem a maturidade de entender o humor como uma ferramenta para enfrentar a dor. Não tenta anular o sofrimento, mas encarar de uma forma menos dolorosa. Ainda apresenta um elenco incrível e uma direção de arte surreal. Este é um longa que vem para lembrar que dá para ser leve mesmo nos momentos difíceis, que vale muito mais ser intenso como amor e barulhento como trovão.

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