Ontem aconteceu a segunda noite de desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, e o que falar desses desfiles? Bom, confira abaixo um resumão da noite!
A escola Unidos da Tijuca abriu o segundo dia de desfile com o enredo “Um coração urbano: Miguel, o arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem”, que homenageou o ator e diretor brasileiro, Miguel Falabella. Junto com o homenageado, a atriz Marisa Orth foi destaque sambando como Magda, sua personagem em “Sai de Baixo”, ao lado da rainha de bateria da escola. Ela usava uma coleira escrito “Caco”, personagem de Miguel na Série.
Além de Marisa, Arlete Salles, Cissa Guimarães, Claudia Raia e Aracy Balabanian também participaram da homenagem. Quase todas as alas fizeram referências a sua infância, a formação como escritor, o começo no teatro, as novelas e séries, e os mais de 30 anos da carreira de Falabella. A comissão de frente trazia homenagem ao teatro, grande responsável pelo início da carreira do ator e considerado sua religião.
A segunda da noite foi a Portela que levantou a Sapucaí com o enredo “De repente de lá pra cá e dirrepente de cá pra lá…”, sobre refugiados. Como não podia faltar da tradicional escola de Madureira, o abre-alas trazia uma grande águia no topo, junto com dezenas de integrantes com asas brilhantes.
A questão dos refugiados foi um ponto e tanto, dando destaque aos judeus que buscaram abrigo em Pernambuco na época da dominação holandesa. A escola contou toda a trajetória e as conquistas desse povo que tive que largar suas terrar e percorrer o mundo em busca de novos abrigos.
Dois carros foram de grande destaque, a alegoria do tatu, que ao longo do desfile abria e fechava, revelando seus componentes no interior, e o enorme navio pirata, com integrantes que faziam o movimento de onda no mar. Mas, não podemos esquecer do carro que fazia referência a Nova York com uma estátua da liberdade na frente e um outdoor remetendo à Broadway atrás. O coração da escola, a bateria, foi um show à parte do início ao fim, mesclando estilos sem perder ritmo. Está difícil procurar um ponto de falha na escola.
A União da Ilha foi para avenida para deixar todo mundo com fome. A terceira da noite trouxe a cozinha brasileira à avenida com o enredo “Brasil bom de boca”.
Um dos grandes destaques foram os aromas que ela deixava pela pista, a cada carro um cheiro diferente, teve café, cacau, abacaxi, melão e limão. Todos os carros traziam comida, e o último era um grande bolo de chocolate com brigadeiros espalhados pela alegoria.
O primeiro casal de mestre-sala e porta bandeira estava vestido similar a geleia de rosas. Claro, não podia faltar a famosa “comida de boteco”, que estava recheado de renomados chefs de cozinha como Claude Troisgros, Flávia Quaresma e Érick Jacquin.
A escola é conhecida pelo seu colorido na avenida, uma agremiação simpática e agradável. Mas teve alguns probleminhas na concentração na hora de colocar alguns carros na avenida, mas nada que comprometesse a evolução.
A Acadêmicos Do Salgueiro foi a quarta escola a cruzar a Marquês. Com um enredo que fala sobre mulheres negras, a escola veio saldando as guerreiras, mucamas, mães, artistas negras, entre outras. A comissão de frente representava rituais sagrados na hora do parto e logo atrás estava o abre alas, muito vermelho, com a frente destacando mulheres grávidas com seus barrigões reluzentes. Mas quem estava logo no comecinho viu o desespero dos componentes para arrumar as cabeças das girafas. Outro destaque foi segundo carro, que estava muito bem trabalhado, dando impressão de estar pegando fogo em plena avenida.
Mesmo contando história de guerreias e mulheres negras, foi um samba um pouco difícil de contagiar a Marquês. Quem acompanha a escola sabia e vibrava junto, agora a energia não contagiou as outras pessoas. Talvez tivesse faltado um pouco mais de alegria inocente que a Ilha, por exemplo, teve. Mas, sem dúvidas foi uma das melhores da noite, impecável ao seu modo.
A penúltima escola foi a Imperatriz Leopoldinense, e o que falar da Imperatriz? Surpreendeu, aos pouquinhos ela foi chegando e conquistando o público, e na terceira vez que rodava o samba enredo já estavam todos cantando. Muitas alegorias estavam muito bem detalharas, o abre alas, por exemplo, parecia uma cópia do museu nacional. Os carros no geral estavam com tamanhos razoáveis, mas mesmo assim vários destaques tiveram dificuldade para subir. A Bateria foi outro ponto a favor da escola.
As fantasias estavam bem preparadas, nos mínimos detalhes, mas senti um pouco de dificuldade de casar, pareciam que algumas eram aleatórias. Quem viu e não sabia o que significa, deve ter ficado um pouco perdido.
Mas infelizmente por problemas técnicos lá no início, a comissão de frente teve que largar a opção de interagir com o tripé e a escola acabou se atrasando, tendo que correr no final. Porém, o impossível às vezes acontece, e com 1 hora já de desfile a agremiação nem estava no meio ainda, mas conseguiu passar na trave, 1:14h. A animação dos componentes era contagiante.
Quem fechou o Carnaval 2018 na Sapucaí foi a grande esperada, como na maioria das vezes, a Beija-flor. Cantando os 200 anos do monstro Frankenstein, a escola fez um paralelo sobre a história e a corrupção em que vivemos neste país. Uma ótima oportunidade de refletir sobre quem é o verdadeiro monstro.
Passando por todas as épocas e apontando seus monstros e pesadelos daquela civilização, a escola de Nilópolis fez um desfile recheado de metáforas e trocadilhos que só um bom entendedor entenderia. Tá, nem precisa ser tão bom, afinal, a escola mostrou nossos dias atuais e aí caímos na realidade.
Uma das alas que mais agradou foi a “imposto dos infernos”, que criticava as taxas, super exageradas, cobradas. O escândalo da Petrobras também apareceu no desfile representado por um ala que vestia barris. Cheio de referências.
A escola estava bonita e fugiu um pouco do seu tradicional favoritismo por índios. Mas mesmo assim, digamos que escola não estava grandiosa. Carros pequenos e, de certa forma, simples. Mas nada que a impeça de lutar pelo título.