Com um ar misterioso do início ao fim, Quem Era Ela, de JP. Delaney, é um convite para quem gosta de um bom thriller psicológico envolvente que deixa qualquer um com a cabeça girando em 360º.
Quem Era Ela conta a história de duas mulheres, Emma (o antes) e Jane (agora), que se mudaram, em tempos diferentes, para a mesma casa. Porém, não uma casa comum, mas a mais moderna em termos de estrutura e tecnologia que você já imaginou. Tudo parece normal, até chegarmos nos termos para o aluguel da casa. Existem algumas regras que os inquilinos têm que cumprir como por exemplo: não possuir livros, não ser bagunceiro, ter uma saúde boa, entre outras coisas bizarras. A casa praticamente tem vida própria a ponto de despertar o pior do seu novo inquilino.
“A Governanta a anteciparia muito antes de você pensar em consultar um médico.”
JP Delaney consegue cruzar o passado e o presente de uma forma que não deixa a leitura cansativa nem chata. Pelo contrário, ela traz uma dinâmica, pois as mesmas se encaixam e se completam a ponto de deixar o leitor achando que as duas são a mesma pessoa, uma reencarnação ou sei lá. O início pode parecer um pouco arrastado, mas logo depois das 20 primeiras páginas você já vai ler com tanta facilidade que vai ficar lembrando da história durante o dia todo e querer sair correndo para ler mais um trechinho. E te garanto, você não vai querer parar.
A história vai desenhando um cenário bem psicológico em que é possível criar diversas teorias durante a leitura. É surpreendente como o autor consegue encaminhar a visão do leitor para um ponto e depois desconstruir aquilo em um passe de mágica. Gosto de livros assim, que me faça xingar um personagem e depois morrer de arrependimento por ter xingado.
“Você pode tornar o ambiente em que vive tão refinado e vazio quanto quiser. Mas isso não importa se você ainda estiver bagunçado por dentro.”
Os personagens de Quem Era Ela, são muito bem escritos e com personalidades únicas. Ao decorrer da narrativa descobrimos o lado sombrio de cada um. Quem você achava que era uma pobre inocente, na realidade era uma pessoa com caráter duvidoso. Além disso, conseguimos ver a mesma história com perspectivas diferentes, o que nos leva a questionar qual é a verdadeira.
Além disso, o livro aborda alguns temas bem polêmicos como: machismo, obsessão, depressão, entre outros. É uma história que transita muito bem pelo o que a sociedade atual está passando e o jogo de interesses que as pessoas têm umas pelas outras. Com diria tio Bauman: Modernidade Líquida.
Quem Era Ela, cumpre muito bem seu papel de thriller psicológico, pois enquanto o leitor não terminar a última página, ele vai viver durante todo o seu dia momentos que irão leva-lo de volta a história. É uma leitura envolvente e rápida. Ótima também para quem quer começar a se aventurar no gênero, pois é leve e instigante do início ao fim.