Se você procura um livro que aborda críticas sociais de maneira leve e com bastante realidade, então ” O primeiro Beijo de Romeu” é perfeito. Inspirado nos acontecimentos da Bienal do Livro do Rio de 2019, Felipe Cabral traz uma obra com representatividade, questionamentos sobre a nossa sociedade e ainda fala sobre a adolescência. Na verdade, é um livro que possui inúmeras camadas sobre os temas. Além disso, temos muito contexto dos dias atuais e dicas de literatura. Mas, vamos aos poucos e falar mais de “O primeiro Beijo de Romeu”:
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Um pouco sobre a sinopse:
A nova obra de Felipe Cabral resgata os acontecimentos da Bienal de 2019, com o primeiro YA a ter dois adultos se beijando na capa. E veio para abrir ainda mais portas para a comunidade LGBTQIA+ no mercado editorial. Dentro do livro, conhecemos Romeu, um jovem que estava prestes a dar seu primeiro beijo, mas que não deu nada certo. Só que as coisas ainda seriam mais complicadas, quando uma tentativa de censura veio durante a Bienal do Livro.
Inspirado em um momento real:
Em primeiro lugar, precisamos comentar que o momento que desencadeou a criação de “O primeiro Beijo de Romeu”. Para quem não sabe, durante a Bienal de 2019, no Rio de Janeiro, onde houve uma tentativa de censura por parte do ex-prefeito, Marcelo Crivella. Através desse fato, surgiu a tag #LeiaComOrgulho e ainda vários movimentos no evento. Dessa forma, recebemos a obra em questão.
Diante disso, recebemos um trabalho que ainda traz muita questões presentes na história da Humanidade. Felipe Cabral conseguiu abordar muitos temas e todos de maneira responsável. Dentre eles, o privilégio branco, e mesmo sendo gay, Valentim, pai de Romeu, por ser um homem branco e de classe média, sofre preconceito sim. Mas não como negros e trans, o que evidência a seletividade na nossa sociedade. Incluindo que fala sobre a importância para crianças negras e para comunidade lgbtqia+ de ter referências na literatura, na escola, na arte, e como isso pode ajudar em sua formação.
Narrativa:
Por outro lado, a narrativa tem capítulos alternados em primeira pessoa por Romeu e por seu pai, Tim. Com toda a certeza, é um tremendo acerto, uma vez que vemos as duas mais fortes formas de amor que existem. Ou seja, o amor adolescente pelo objeto de afeto, que queima, que anseia, que torna tudo nublado e sofrido. Ainda mais, o amor de pai, incondicional, protetor, que abre mão de tudo, que é capaz de qualquer sacrifício para a felicidade do filho. Esses dois amores permeiam todas as páginas do livro e a gente se conecta com muita facilidade.
Além disso, Romeu tem apenas quinze anos e está descobrindo sua sexualidade Sendo que é um garoto ansioso e cria mil e uma expectativas. Assim como todo adolescente está tentando descobrir sua identidade, se aceitar e o fato se estar apaixonado por seu melhor amigo, Aquiles, o deixa ainda mais confuso. No entanto, todas essas questões o levam para uma incrível jornada de auto descoberta.
Conclusão:
Portanto, “O primeiro Beijo de Romeu” é uma obra extremamente tocante e poderosa. É aquele tipo de leitura para sentir, refletir e reafirmar a ideia de que todos merecemos respeito. Independente de religião, cor ou orientação sexual. Também é bem sensível, cheia de reviravoltas que surgem e ensinam mais lições, nada redundante. Sem contar que as referências são muito boas, junto com todos os personagens. E para finalizar, é uma celebração á liberdade de expressão e ao amor.
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