Resenha: No azul profundo, de Jennifer E. Archer

Lançado pela Editora Alt, No azul profundo, de Jennifer E. Archer, traz um um romance que combina romance, saúde mental e profundidade emocional. Tudo para construir uma narrativa envolvente sobre perda, identidade e reconciliação. Além disso, a obra se apoia fortemente na relação entre passado e presente, explorando como lembranças fragmentadas, sentimentos não elaborados e vínculos familiares complexos moldam a percepção que se tem de si mesmo e dos outros. Por isso, vamos falar sobre No azul profundo:
Veja também- Into The Deep Blue: O livro que vai virar filme com Sara Waisglass e Damian Hardung
Uma narrativa delicada, sensorial e introspectiva:
A força do livro reside justamente na forma como a autora trata o luto como algo complexo, não linear e profundamente individual. Fiona, marcada por dificuldades financeiras, por um pai emocionalmente distante e pela tentativa constante de manter o controle, torna-se uma protagonista cuja vulnerabilidade nunca é romantizada. Em vez disso, Jennifer E. Archer a retrata com nuances: ela erra, recua, tenta se proteger, mas também aprende a reconhecer suas próprias necessidades. Já Nick carrega um tipo diferente de cicatriz. Pois, a pressão familiar para seguir em frente depressa demais e os equívocos cometidos no auge da dor. Ambos são personagens que se aproximam menos por encaixe romântico e mais por reconhecimento mútuo.
A narrativa acerta ao mostrar como a amizade entre eles evolui lentamente, sem rupturas artificiais. As piadas internas, o cuidado cotidiano e o pacto silencioso de ignorar as evidências de que há algo mais entre eles dão autenticidade ao vínculo. Quando a viagem para a cidade litorânea acontece, escolhida por coincidir com o primeiro aniversário da morte da mãe de Fiona, não funciona como fuga, mas como catalisador. É nesse cenário que os dois confrontam não apenas memórias dolorosas, mas também a possibilidade real de reconstrução. A autora equilibra bem o tom: o romance surge de maneira gradual e sensível, sem atropelar o processo de cura que cada um percorre.
Equilíbrio em tudo:
Apesar de lidar com temas intensos, o livro não se torna excessivamente melancólico. Jennifer E. Archer utiliza a atmosfera costeira, os pequenos rituais de luto e as conversas à beira-mar para criar momentos de respiro que ajudam a equilibrar o peso emocional. Ainda assim, há passagens em que a autora poderia ter explorado mais profundamente conflitos secundários, como o afastamento do pai de Fiona ou a tensão com a amiga interessada em Nick, que acabam funcionando mais como impulsos narrativos do que como arcos plenamente desenvolvidos. Em compensação, o foco no crescimento interno dos protagonistas mantém a história coerente e centrada.
O romance entre Fiona e Nick, quando enfim se reconhece, não é fruto de paixão súbita, mas de um acúmulo de pequenas escolhas, medos compartilhados e coragens recém-descobertas. É um desabrochar convincente justamente por respeitar o tempo emocional dos personagens e por apresentar o amor não como solução mágica, mas como possibilidade de abertura depois de um período de retração profunda.
Vale a pena ler No azul profundo?
De forma geral, No azul profundo é uma leitura envolvente e sensível, que combina dor e esperança de forma humana e honesta. A autora entrega um romance que não evita a escuridão, mas que insiste em procurar luz nos vínculos reais que nos sustentam. Agora, me sinto pronta para assistir adaptação para o cinema com Damian Hardung e Sara Waisglass e me apaixonar novamente pelo casal.




