Resenha: Medusa, de Nataly Gruender

Trazendo a narrativa reimaginada do mito, Medusa, de Nataly Gruender vem com um ponto de vista moderno e feminista. Afinal, essa obra acaba colocando a personagem como protagonista de sua própria história, em vez de vilã. Por isso, vamos falar mais de Medusa:
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Sinopse:
Única filha mortal de duas divindades do mar e sacerdotisa do templo de Atenas, Medusa era uma bela jovem que acreditava na devoção aos deuses. Até ser cruelmente violentada por Poseidon, e, por isso, injustamente castigada pela deusa a quem adora, Atenas. Transformada em um monstro, carregando uma maldição terrível que transforma em pedra qualquer ser vivo que lhe direcione o olhar, Medusa se torna alvo do ódio e da amargura. A notícia de seu castigo corre rápido, trazendo medo e terror até para um rei, que irá pedir a cabeça do monstro ao herói Perseus. E à jovem, agora temida e caçada, resta escolher assumir o monstro que todos esperam que ela seja ou se agarrar no último suspiro de humanidade e resiliência que lhe resta.
Vilã ou heroina? Esta é a história de Medusa como você nunca imaginou.
Por trás do mito…
De fato, a autora humaniza Medusa, mostrando sua dor, indignação e busca de identidade frente ao trauma e à injustiça. A vítima torna‑se agente, reivindicando sua história e dignidade. É claro que ficamos com vários dilemas envolvendo a figura. Mas, nada minimiza o acontecimento. Pois o livro aborda a cultura do estupro e a culpabilização da vítima.
Medusa sofre uma violência e é punida por Atena, enquanto Poseidon, que realizou o ato, não é responsabilizado. A sua jornada evolui da dor à reconstrução de si mesma através da resiliência e da aceitação interior. A releitura questiona narrativas clássicas e dialoga com questões sociais atuais, especialmente sobre poder, gênero e julgamento moral. Faz parte de um movimento literário que revisita mitos clássicos por uma perspectiva empática e crítica.
A narrativa de Nataly Gruender
O estilo de escrita é poético, denso e evocativo, com metáforas que criam forte conexão emocional entre leitor e protagonista. Muitos leitores relataram sentir a dor e a transformação interna de Medusa de forma intensa. A trama não segue cronologia linear rígida, equilibrando passado e presente, com passagens reflexivas e descriptivas que aprofundam sua interioridade.
As interações com figuras mitológicas secundárias, como ninfas, o deus Dionísio e uma criatura de três cabeças, são momentos de alívio, descoberta e reflexão interna, ampliando o universo mítico da personagem. Mesmo que fique confuso em poucos momentos, pela ordem dos eventos, não estraga a experiência dessa jornada.
Vale a pena ler Medusa?
Com toda a certeza Medusa, de Nataly Gruender, é um romance que se destaca por oferecer uma releitura sensível e poderosa de um mito amplamente conhecido. A autora reintegra voz, sofrimento e escolha à figura mitológica, tornando-a humana novamente. Além disso, o livro dialoga com temas contemporâneos sem perder o encanto da mitologia antiga. Talvez, seja uma leitura que precisam ler em algum momento e aprender cada vez com o enredo principal.




