Sendo a primeira graphic novel a vencer um prêmio Pulitzer, vamos comentar um pouco sobre a obra “Maus- A história de um Sobrevivente”. Afinal, Art Spiegelman trouxe a história de seus pais, os poloneses judeus Vladek e Anja, no qual sobreviveram a Auschwitz. Originalmente, os momentos foram publicadas na revista underground Raw, entre 1980 e 1991. Depois, juntos todos e transformou no que conhecemos hoje. Sendo que é um dos mais conceituados do meio jornalístico e literário. Mas o que torna esta obra tão especial não são os prêmios e sim os motivos que a fizeram tão aplaudida. Por isso, vamos falar mais de “Maus- A história de um Sobrevivente”:
Art Spiegelman usou esta mídia discriminada e geralmente associada a obras infantis para falar de uma das maiores atrocidades da história recente da humanidade. Ou seja, o Holocausto. O desenho do ilustrador, bem sujo e desgastado, como uma análise própria da época. Porém, serve também para mostrar que aqueles ratos não são bonitinhos. Além disso, temos a característica que transforma judeus em ratos, nazistas em gatos, norte-americanos em cães e poloneses em porcos reflete a estrutura da vida naqueles dias.
Sem nem saber o porquê, os gatos correm atrás e matam os roedores. Na escolha dos orelhudos para representar os judeus há também uma referência ao termo com que os nazistas se referiam à raça inferior. Sem contar que a narrativa é rica em detalhes, seja nas animações ou nas emoções da história contada. Incluindo que mostra toda a ascensão nazista, começando por boatos, até os campos de concentrações. Com a leitura, é possível ter noção do quanto os judeus sofreram durante o período nazista, desde as torturas psicológicas até a morte. Também passando por momentos de esperança, culpa, raiva e entre outras sensações.
Em ” Maus- A história de um Sobrevivente” temos a característica que transforma judeus em ratos, nazistas em gatos, norte-americanos em cães e poloneses em porcos
Relação Entre Pai e Filho:
Por outro lado, vemos um filho tentando ter um momento mais simples com pai. Pois, Vladek Spielgeman não é uma pessoa fácil. Ele incorpora muitos dos estereótipos judeus, como a avareza e o preconceito, mas a violência de seu passado justifica muitas de suas atitudes. É evidente que a relação entre ambos no processo de escrita dos quadrinhos não foi fácil. Conforme avança, é interessante ler também esses momentos do “presente”. Especialmente que chegam a mostrar a responsabilidade que decai sobre o autor ao escrever uma história que, apesar de próxima, não é sua.
Ainda mais, Art e seu pai não eram muito próximos. Mas assim como outros filhos de judeus que passaram sua vida ouvindo as mais horrendas histórias sobre os campos de concentração e em determinado momento passaram a buscar suas raízes, ele resolveu transformar as memórias de seu pai em quadrinhos. A escolha por esta mídia era a mais lógica, que sempre gostou e leu muitas HQs. Mas o resultado final é uma aula de como usar os quadrinhos para contar uma história. Art mostra as conversas e discussões que ele teve com seu pai como se estivessem acontecendo naquele momento. A história de seus pais em flashback, fotos, antropomorfismo, história em quadrinhos dentro da história em quadrinhos, detalhamentos de esquemas desenhados por seu pai de como eram os esconderijos, mapas, etc. Todos esses elementos se juntam para trazer essa visão única.
Conclusão:
Portanto, “Maus- A história de um Sobrevivente” é uma graphic novel que vai além de contar uma história e um momento que marcou a Humanidade. A trama nos conduz por um processo de rememoração familiar cheio de feridas e de assuntos mal resolvidos que, com o passar das páginas, parece se dirigir para certo nível de cura. Ademais, Vladek mostra que sobreviver não é vencer, e que o terror de ver seus iguais morrerem e pensar quando será a sua vez marca uma pessoa para sempre. É um retrato de um passado tenebroso e um lembrete para não deixarmos que o mesmo ocorra novamente.