Você acredita que as histórias carregam uma força inimaginável ?!
Pois a de Doris, uma senhora de 96 anos que vive sozinha em seu apartamento em Estocolmo, é mais poderosa do que se pensa. Em ” A caderneta de endereços vermelha”, a protagonista compartilha, via chamadas de vídeo, com sua neta anotações de todas as pessoas que conheceu e amou ao longo da vida. Assim que conhecemos cada etapa de sua trajetória, vemos o seu desejo de tentar superar diversos momentos conturbados.
A obra de Sofia Lundberg, lançada pela Globo Livros, traz uma perspectiva extremamente cativante e , ao mesmo tempo, bastante complicada , conforme as páginas vão virando. Isso vem principalmente de diversos momentos infelizes na infância até os dias atuais de Doris. Dentro de sua caderneta, a senhora conta sobre sua vida, através dos nomes daqueles que há muito se foram e dos quais há décadas não tem notícias. Essa mistura de passado com presente é uma das melhores características do livro. Ainda que mostra como as decisões podem trazer consequências difíceis de serem esquecidas.
A jornada da protagonista é um mergulho na história, quase como uma biografia, devido a veracidade em cada ponto e espaço. Além disso, contamos com uma mulher corajosa e gentil, que enfrentou inúmeras traições e etapas difíceis. No entanto, esses acontecimentos trazem reflexões inspiradoras e comoventes, especialmente quando o assunto é tempo e o amor. Por isso, já recomendo lenços para possíveis lágrimas.
Um ponto que também eleva o nível da produção da obra é a conversa entre gerações, que se faz necessária e foi bem trabalhada. Este detalhe trouxe uma certa humanização da velhice e de suas consequências físicas e psicológicas, e nos faz refletir sobre nossas ações para com os nossos familiares mais idosos.
Por todos esses aspectos, “A Caderneta de endereços vermelha” é um romance poderoso e emocionante. Por mais que aparenta, não é um livro de todo triste. Isso vem de uma onda de aprendizados sobre a vida e como precisamos lidar, independente de nossas escolhas. Mesmo que haja arrependimentos, as marcas permanecem ao longo da trajetória.