Com uma perspectiva totalmente, Enola Holmes traz uma clássica “Jornada do Herói”, mas com elementos marcantes e interessantes. Interpretada por Millie Bobby Brown, a Eleven de Stranger Things, o longa traz a irmã mais nova de Mycroft (Sam Claflin) e Sherlock Holmes (Henry Cavill), que destrói expectativas da sociedade no final do século XIX para uma garota de sua idade. Assim, ela é treinada desde cedo com a sua mãe Eudoria (Helena Bonham Carter) que a ensina a ler, escrever, lutar, pintar e praticar diversos esportes.
O enredo da história da adolescente Holmes revela um modelo de interação com o telespectador. Além de uma dinâmica na história que passa tanto o destino da Inglaterra como a procura pela mãe. Dessa forma, uma nova detetive nasce na família Holmes. A protagonista, assim como o irmão Sherlock, utiliza de seu talento e inteligência para encontrar a mãe, que a deixou em seu 16° aniversário.
Atuações divergentes, mas bem executadas:
Dona de uma personalidade forte, Enola é cativante e repetindo os traços arrogantes que acompanham a família Holmes, porém, de forma carismática. Suas interações com a câmera, que tinham tudo para soar exageradas, são felizmente usadas na medida certa, sem deixar o recurso soar cansativo.
É perceptível também a encenação de Henry Cavill no papel de Sherlock Holmes, contudo, com um tom diferente dos demais. Neste caso, o ator transmite um irmão mais preocupado e emotivo do que já se conhece. Porém não perde sua essência de genialidade nos casos de desaparecimento de sua mãe e busca por Enola. Enquanto que Mycroft , interpretado por Sam Claflin, traz é ranzinza e autoritário, com tamanha maestria. O mesmo obriga a nova detetive a seguir de acordo com o padrão estabelecido pela sociedade, mas é claro que falha, devido a personalidade da protagonista. Já a mãe, que tem a atuação de Helena Bonham Carter, traz uma mulher educadora e corajosa. Além disso, as cenas de envolvimento entre mãe e filha deram à história um forte fascínio emocional, que é bem marcante ao longo da história.
Produção dinâmica e gostosa de assistir:
O ritmo da produção também agrada, levando os personagens à vários pontos diferentes, promovendo encontros e desencontros que colocam a trama para andar. Mas sempre com boas justificativas. Outro ponto que merece destaque é a bela trilha sonora que remete ao universo de Sherlock Holmes e das tramas investigativas. A música eleva ainda mais o clima dinâmico do roteiro, fazendo um filme gostoso de assistir.
Como várias produções já fizeram antes,o filme traz ainda o famoso embate entre o antigo e o novo. No caso, isso é bem representado pela “escola para damas”. Incluindo o constante questionamento entre quem ela é e quem a sociedade diz que ela precisa ser. Novamente, não é uma discussão super inédita, mas há certo charme em como o longa coloca tudo isso em tela, misturando tudo com os tons investigativos das histórias dos Holmes.
Conclusão:
Ainda que não reinvente a roda, Enola Holmes é um filme prazeroso de assistir, que equilibra bem seus pontos positivos em contraponto com a simplicidade de sua história. É bastante interativo e dinâmico em suas cenas de ações, além de contemplar os telespectadores com a investigação característica apenas de Sherlock, mas que se espelha em Enola.