Trazendo uma história fantástica e cheio de elementos únicos, A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli, veio com uma narrativa inédita. Aliás, a obra, lançada pela Companhia das Letras, traz um enredo diferente com aquele toque nacional. Portanto, vamos ver mais de A Cabeça do Santo:
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Um pouco de contexto:
Pouco antes de morrer, a mãe de Samuel lhe faz um último pedido: que ele vá encontrar a avó e o pai que nunca conheceu. Mesmo contrariado, o rapaz cumpre a promessa e faz a pé o caminho de Juazeiro do Norte até a pequena cidade de Candeia, sofrendo todas as agruras do sol impiedoso do sertão do Ceará.
Ao chegar àquela cidade quase fantasma, ele encontra abrigo num lugar curioso: a cabeça oca e gigantesca de uma estátua inacabada de santo Antônio, que jazia separada do resto do corpo. Mas as estranhezas não param aí: Samuel começa a escutar uma confusão de vozes femininas apenas quando está dentro da cabeça. Assustado, se dá conta de que aquilo são as preces que as mulheres fazem ao santo falando de amor.
Antes da resenha, você sabia que…
Para quem ficou curioso, assim como eu, é bom saber que a história sobre a escultura é verdadeira e inspirou o livro. Segundo reportagem do Diário do Nordeste, “há 36 anos, a cabeça de uma estátua de Santo Antônio está em uma casa, servindo de muro e até abrigo, no bairro Conjunto Habitacional, no município de Caridade, a 97 quilômetros de Fortaleza”. Em outra matéria, é possível saber mais detalhes do fato curioso. Inclusive, a ideia é construir um museu para a cabeça do santo.
Uma história extraordinária:
Confesso que a premissa de A Cabeça do Santo chamou bastante a minha atenção. Parecia uma história bastante diferente do que eu já tinha lido. E era mesmo. O desenvolvimento da narrativa é curioso e divertido, em alguns momentos. Apesar de alguns elementos “místicos” restarem sem explicação, é justamente essa a graça da coisa.
Sem contar que as conexões que vão sendo criadas entre os personagens ao longo da história são muito interessantes e passamos a gostar daqueles “falsos milagreiros”. Afinal, são eles agitam o pequeno município e ficamos torcendo por um bom desfecho.
Socorro Acioli e sua narrativa mágica:
É muito interessante ver o realismo mágico aplicado ao nordeste brasileiro. Socorro Acioli mistura elementos regionais, religiosos e falcatruas na política aos acontecimentos mágicos da cidade de Candeia. Todos esses ingredientes resultam em uma história muito brasileira e envolvente.
Gostei especialmente da forma como Socorro caracterizou Samuel, revelando ao leitor suas vulnerabilidades e carências. Conhecendo sua trajetória, esperanças e decepções, é difícil não desenvolver empatia pelo personagem.
Vale a pena ler A Cabeça do Santo?
De fato, A Cabeça do Santo é um livro curto e cumpre o que promete, junto com um exercício de imaginação e imersão em um contexto muito particular. Incluindo que é uma história que emociona e ao mesmo tempo tem um humor maravilhoso. E ainda é o tipo de obra em que o leitor consegue visualizar tudo o que é narrado, é um filme que poderia ir às telas de cinema graças à escrita visual da escritora.