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Até ao final dos anos 60, os afro-americanos que precisassem viajar ao Sul dos Estados Unidos poderiam acabar espancados ou mortos, devido ao preconceito da região com as então chamadas pessoas “de cor”. Os que se arriscavam, podiam se tornar vítimas de linchamento ou desaparecer sem rastros. Para ajudá-los, o carteiro dos serviços postais Victor Hugo Green criou o chamado Green Book (Livro Verde), que trazia uma lista de restaurantes e hotéis que aceitavam afro-americanos. Era uma divisão bem rígida: se um negro entrasse em um estabelecimento para brancos, ele seria no mínimo humilhado.

É com um livro verde na mão que Tony Lip (Viggo Mortensen) aceita um trabalho irreverente: levar o Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), um pianista negro mundialmente famoso, em uma turnê de Manhattan ao Sul dos Estados Unidos – usando o velho livro para guiá-los aos poucos estabelecimentos da região que eram seguros para os afro-americanos. Confrontados com o racismo, o perigo, eles são forçados a deixar de lado as diferenças para sobreviver e prosperar na jornada de sua vida. Esse surpreendente filme nos lembra bastante o clássico “Conduzindo Miss Daisy” vencedor do Oscar de 1989 de Melhor Filme, Melhor Atriz (Jessica Tandy), Melhor Roteiro Adaptado e Maquiagem. Porém, ao invés de uma judia sendo levada por seu motorista negro (Morgan Freeman), os papeis se invertem aqui.

Tony Lip (Viggo Mortensen) e o Dr. Don Shirley (Mahershala Ali) em “Green Book- O Guia”

Viggo Mortensen, o Aragorn de ‘O Senhor dos Anéis’, vive um personagem cheio de dilemas internos, cuja jornada de redenção é  bastante interessante de assistir. Ele começa o filme como um carrancudo macho-alfa racista, seu “nojo” por negros é mostrado nas primeiras cenas, e vai se transformando em uma pessoa, no qual preconceitos e paradigmas vão sendo quebrados aos poucos. Essa transformação do personagem é abraçada com unhas e dentes pelo ator, que está estupendo e na melhor atuação de sua carreira, com um sotaque italiano e alguns quilos a mais conquistados para dar veracidade ao papel. Mahershala Ali vive um personagem contido, um jovem negro que precisa se provar para o mundo e para ele mesmo, que apesar do grande talento sofre preconceito em todos os lugares que vai, passando por humilhações que deixam o espectador apreensivo, colocando o dedo na ferido do racismo nos Estados Unidos e mostrando que muita coisa não mudou de lá pra cá.

Apesar da temática pesada, a obra trilha por caminhos leves e tocantes, focando nessa ‘road trip‘ cheia de aventuras de dois desconhecidos que se tornam melhores amigos e admiram um ao outro. É claro que a mensagem está lá, alta e clara, mostrando como os negros sofreram  com o preconceito até hoje, mas isso é sempre mostrado de maneira sutil e tocante, e nunca de uma maneira exagerada. É na superação desses eventos que o filme consegue manter o sorriso no rosto do espectador, com um humor extremamente inteligente e irreverente usado pelos roteiristas Nick Vallelonga, Peter Farrelly e Brian Currie.

Cena de “Green Book- O Guia”

E quem diria que Peter Farrelly tinha um diretor tão espetacular dentro dele? Diretor de filmes como “Quem vai Ficar com Mary?” e “Débi & Lóide” ao lado do seu irmão Bob, ele demonstra ter muito mais bom gosto e delicadeza quando trabalha sozinho. Ao lado do diretor de fotografia Sean Porter (‘Sala Verde’), o diretor traz imagens maravilhosas e transições sensacionais, deixando-o com cara de filme de arte, na medida ideal para que a produção se destaque no Oscar 2019 com a promessa de levar várias estatuetas.

Inspirado em uma história real, o filme consegue emocionar do começo ao fim e deixar os olhos lacrimejando. Sensível, perspicaz, dramático e repleto de tiradas irônicas e hilárias, Green Book: O Guia é um bom candidato para o homem de ouro e para uma reflexão sobre o racismo.

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