GOAT: O que você sacrificaria pela glória?

Com contexto social e um enredo dinâmico, GOAT fala idolatria no esporte, sacrifício, glória e a busca pela perfeição. Aliás, com Marlon Wayans e Tariq Withers, o filme chega com analogias impactante e um visual exagerado, em vários momentos. Por isso, vamos falar mais sobre GOAT :
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Quando o esporte vira culto…
O enredo acompanha Cameron Cade (Tariq Withers), jovem promessa do futebol americano prestes a ser convocado para a NFL. Sua trajetória muda após sofrer um ataque misterioso de um homem fantasiado de mascote, o que compromete seu futuro esportivo. Nesse cenário, surge a figura de Isaiah White (Marlon Wayans), quarterback lendário do San Antonio Saviors e considerado o verdadeiro “GOAT” — o maior de todos os tempos. À beira da aposentadoria, Isaiah decide treinar Cameron em um centro isolado no deserto, onde um grupo de seguidores fervorosos transforma a prática esportiva em um ritual quase místico.
A partir desse ponto, o filme mergulha em diversos aspectos, desde a obsessão pelo sucesso até a trama do culto, no qual isolamento, regras estranhas, rituais e símbolos que sugerem uma ligação sombria entre a busca pela glória esportiva e um pacto de natureza sobrenatural.
Sacrifício, idolatria e glória dominam a narrativa:

Se existe uma palavra que representa GOAT é sacrifício. Desde que se entende por gente, Cameron Cade convivia com o sonho imposto pelo pai de ser jogador de futebol americano e com a idolatria pelo esporte. Ao longo da narrativa, vemos que para chegar num patamar de respeito, admiração e glória, até a insanidade precisa ser colocada de lado. Agora, se formos pensar num contexto social, o filme traz uma reflexão sobre como jovens são influenciados a seguir um caminho que vai conduzir ao sucesso (no longa, enfatizam a salvação da família). Ou seja, a busca pela grandeza exige sacrifícios que ultrapassam o campo físico, evocando temas como exploração de atletas, culto à performance e idolatria ao status de lenda. Não é a toa que utilizam, tanto no roteiro quanto na estética, o contexto dos gladiadores, no qual são preparados a lutar até o fim.
Com toda certeza, grande parte da força da obra vem da atuação de Marlon Wayans. Conhecido principalmente pelas comédias, o ator assume um papel dramático intenso, interpretando Isaiah como um mentor carismático, mas de intenções ambíguas. Wayans entrega um personagem que oscila entre figura paterna e líder manipulador, carregando o filme em momentos nos quais o roteiro aponta as suas críticas.
Uma avalanche de analogias estéticas:
Mesmo com as críticas relevantes, a obra não foge de momentos exaustivos. A direção de Tipping busca criar uma atmosfera tensa e surreal, com cenas que evocam simbolismos religiosos e críticas à cultura esportiva americana. Porém,o que mais me incomodou foram as excessivas sequências estilizadas, como as que exploram os impactos físicos no corpo dos jogadores, funcionam visualmente, mas não sustentam o ritmo. Na verdade, é tanta coisa que fica cansativo. A alternância entre cenas internas e externas à mente de Cade, como a presença de um mascote demoníaco, carece de coesão e clareza, prejudicando a imersão do público na narrativa.
Mas, vale a pena ver GOAT?
GOAT traz um contexto profundo ao transformar o futebol americano em metáfora para culto e sacrifício. O trabalho de Marlon Wayans merece destaque, oferecendo densidade a um filme com uma narrativa coesa e impactante. Apesar de suas falhas, o filme oferece momentos visualmente interessantes e provoca reflexões sobre os limites da busca pela perfeição e os sacrifícios exigidos pelo estrelato.




